Do facebook às ruas, as lições das manifestações pelo país
(*) Carlos Neder
É preciso saudar, com entusiasmo, a atual presença dos jovens na militância política. E elogiar a realização das manifestações em São Paulo, que tiveram desdobramentos nas principais capitais brasileiras. Nós, que vimos nossos filhos indo às ruas, devemos nos sentir orgulhosos.
Considerados por muitos alienados e individualistas, os jovens mostraram que é preciso renovar a cultura e os hábitos políticos do país. À reivindicação inicial sobre o reajuste da tarifa dos transportes públicos, que ficam devendo e muito em qualidade, somaram-se outras questões, como o combate à corrupção e melhorias na saúde e na educação.
As manifestações colocam em xeque nossa própria geração. Para quem ajudou a formar partidos de esquerda democráticos e se propôs a organizar a população das mais diversas maneiras, estamos sendo questionados na forma como nos organizamos na sociedade e nos propomos a transformá-la.
Os jovens, que eram criticados por ficarem presos ao facebook, a um mundo virtual, lotaram as avenidas cobrando, de modo coletivo, a melhor destinação dos recursos provenientes dos impostos que pagamos.
Não devemos nos contrapor à participação dos jovens. Temos, isso sim, de articular essa força que vem das ruas e as expectativas que estão sendo geradas para promovermos uma renovação da democracia, dos partidos, das eleições, dos mandatos parlamentares e das políticas públicas.
Precisamos preservar e incentivar essa alegria que veio das ruas e resultou na redução da tarifa em São Paulo. Afinal, é justamente dela que vemos a esperança de um país melhor.
(*) O autor é médico e deputado estadual (PT). Contatos: www.carlosneder.com.br / [email protected]