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Desigualdade: 1% mais ricos ganham 36 vezes mais do que metade mais pobre

Carlinhos Marques

Apesar da evolução ao longo das últimas décadas, o Brasil ainda apresenta um quadro de desigualdade extrema. Em 2016, 1% da população de trabalhadores com maior poder aquisitivo ganhava 36,3 vezes mais do que os 50% que ganham os menores salários. Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início deste mês.
Na fatia dos 1% mais abonados, formada por apenas 889.000 pessoas, a renda média mensal do trabalhador era de R$ 27.085. O rendimento médio dos 50% que recebiam os piores salários ficou em apenas R$ 747, abaixo do salário mínimo. Se considerados os 5% brasileiros com menores salários, a renda média era de míseros R$ 73 mensais. Segundo o IBGE, 4,445 milhões de trabalhadores estão nessa condição. “O Brasil é um dos países onde a desigualdade é das maiores do mundo, é uma das grandes mazelas. País nenhum vai crescer com base numa plataforma tão desigual”, declarou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Renda per capita
Quando considerados os dados de renda per capita de todas as fontes, e não apenas o rendimento do trabalho – nesse cálculo, a renda disponível é dividida por todos os moradores do domicílio, incluindo os que não trabalham –, a situação é ainda mais grave. A renda média mensal per capita dos 5% brasileiros com menor poder aquisitivo era de apenas R$ 47 em 2016. A pobreza era ainda mais aguda no Norte e Nordeste, com R$ 38 e R$ 33, respectivamente.
O rendimento médio real domiciliar per capita foi de R$ 1.242, contra uma renda média de R$ 2.149 se considerados apenas os trabalhadores. As regiões Norte e Nordeste apresentaram o menor valor: R$ 772, em ambas as regiões. A Região Sudeste teve o maior rendimento médio, R$ 1.537.
Índice de Gini
Com isso, o Índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi estimado em 0,549 em 2016, pior do que o Gini com base no rendimento do trabalho, de 0,525. O indicador mede a desigualdade de renda – numa escala de 0 a 1, quanto maior o indicador, pior é a distribuição dos rendimentos. No Nordeste, o Gini da renda domiciliar per capita foi de 0,555. No Sul, ficou em 0,473. Ou seja, o nordeste é a região mais desigual do país.
Perfil
Do total de 205 milhões de habitantes do Brasil em 2016, 124,4 milhões tinham algum tipo de rendimento, sendo que 87,1 milhões eram remunerados pelo trabalho que exerciam e 49,3 milhões recebiam renda obtida através de alguma outra fonte, fosse aposentadoria e pensão; aluguel e arrendamento; pensão alimentícia, doação e mesada de não morador; ou outros rendimentos, categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferência de renda do governo, rendimentos de poupança, entre outros.
Em 2016, 13,9% da população recebia aposentadoria ou pensão; 2,4%, pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador; 1,8%, aluguel e arrendamento; enquanto 7,7% recebiam outros rendimentos.
O rendimento de aposentadoria ou pensão foi o mais elevado, em média (R$ 1.670), observado em todas as regiões, sendo mais elevado no Centro-Oeste (R$ 2.064) e mais baixo no Norte (R$ 1.334).

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