Democracia em perigo?
Editorial
Estamos há menos de 80 dias para as eleições gerais de 2022. No próximo 02 de outubro iremos as ruas para escolher os candidatos a deputado estadual, federal, senador, governador e Presidente da República. A polarização entre os dois principais candidatos a presidência, com o atual governante Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), tem causado um clima hostil entre os apoiadores dos dois políticos, considerados extremos de direita e esquerda, respectivamente.
O clima de torcida organizada, encontrado nas ruas e em discussões em redes sociais, é preocupante e, diante do cenário, especialistas projetam a eleição de outubro como a mais violenta da história da democracia brasileira. O episódio que aconteceu em Foz do Iguaçu, em 10 de julho, onde o tesoureiro petista Marcelo Arruda foi assassinado pelo policial penal, bolsonarista, Jorge José da Rocha Guaranho, quando a vítima estava comemorando seu aniversário, com símbolos petistas na comemoração, é o principal fato, até o momento, que demonstra o risco de violência da eleição que se aproxima.
Uma das primazias do estado democrático de direito é de que todo cidadão, acima de 16 anos, tem o direito de votar. Após os 18, também de ser votado. No entanto, a democracia não dá direito a ninguém de menosprezar, agredir fisicamente ou com palavras, outra pessoa por conta de sua escolha política. Podemos anunciar e divulgar as preferências políticas e ideológicas, mas, jamais, usar palavras ofensivas para diminuir a escolha do outro. A agressão física é um passo seguinte a agressão verbal, com palavras do tipo “burro”, “ignorante” e outras do gênero para descrever aquele que tem uma opinião e opção eleitoral divergente.
Pode haver motivos para votar em qualquer um dos candidatos, isso é discutível. Mas o indiscutível, é de que há motivos para não votar em nenhum e nem outro. Mas, na política, o eleitor tem o direito, garantido na Constituição, de escolher segundo a sua consciência, a sua visão de mundo e suas prioridades. Há aqueles que escolhem os candidatos pela pauta moral, outros escolhem pela visão econômica, de investimentos em saúde, educação etc. O que ocorre é que, por mais divergente que seja a visão do outro, jamais poderá ser motivo de agressão por qualquer parte.“O clima hostil entre os correligionários políticos pode, apenas, trazer danos ao nosso país e a nossa democracia. Afinal, por mais divergente que seja da sua opinião, se vencer a eleição, o opositor será o presidente do seu país e, erros e acertos dele, poderá contribuir ou prejudicar a vida de todos nós.
Nossos candidatos podem perder a eleição, mas jamais poderemos perder o direito de escolher. O estado democrático de direito é a nossa maior conquista como nação. Preservemo-lo!
Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.