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Debate eleitoral: arma contra a desinformação?

É inegável que o modo de fazer campanha eleitoral mudou com o uso das novas tecnologias e será ainda mais impactado com a atual situação da Pandemia da Covid-19. As redes sociais, a exemplo do Facebook, Youtube, Instagram, Twitter e WhatsApp permanecerão sendo poderosas ferramentas de comunicação entre eleitores e candidatos. De um lado, elas ampliam o alcance da audiência com custos reduzidos. Do outro lado, aumentam o risco de uma eleição contaminada pela desinformação, ou seja, pelas “fake news”.
Vale lembrar dados de uma pesquisa de opinião aplicada pelo Instituto DataSenado revelando que, nas eleições de 2018, 45% dos 2,4 mil brasileiros entrevistados utilizaram informações obtidas por meio das redes sociais para decidirem o seu voto. Além disso, 79% declararam sempre utilizar o WhatsApp para se informar. Ocorre que, 47% das pessoas afirmaram ser difícil identificar a veracidade das informações recebidas, bem como 77% acreditam que notícias falsas têm mais visibilidade do que notícias verdadeiras nas redes sociais. Ademais, as redes sociais contam com filtros que direcionam os conteúdos conforme interesses dos internautas, polarizando posicionamentos políticos e impedindo o acesso à crítica e ao debate de ideias divergentes.
Neste sentido, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, alertou que, para além dos cuidados com o Coronavírus, é preciso cuidar com o “vírus” das fake news que “ronda as eleições” e é capaz de comprometer “não a saúde pública, mas a própria democracia”. (VALOR, 26/09/2020).
Desta forma, o debate eleitoral, presencial ou virtual, ainda é a principal forma de combater as fake news e a polarização que corrompem e destroem a democracia. Esta clássica ferramenta de interação e participação popular no processo democrático é justa e permite ao eleitor verificar a preparação dos candidatos e comparar suas propostas de governo. Garante o contraditório entre os adversários e o esclarecimento do cidadão sobre questões importantes que afetam a sua vida em comunidade.

Ana Cristina Piletti

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