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Coisas do arco-da-velha!

Nosso país está cheio de coisas do arco-da-velha, isto é, de coisas inacreditáveis. É inacreditável, por exemplo, que no auge das manifestações contra a corrupção, os presidentes das duas Casas do Legislativo, deputado Henrique Alves (RN) e senador Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, tenham tido a desfaçatez de usar jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) para viagens de recreio junto com a sua patota.
Alves levou parentes de Natal para ver um jogo de futebol. Ele requisitou um avião com 50 lugares para levar sete pessoas, no trecho Natal – Rio de Janeiro – Natal. O Renan, por sua vez, requisitou o avião para ir de Maceió (AL) a Porto Seguro (BA), onde participou do casamento da filha de um colega. E, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, sujeito previdente, também usou avião da FAB para recreio. Foi de Fortaleza ao Rio, onde assistiu a final da Copa das Confederações. Ao ser questionado ele respondeu: “Me senti no direito de o avião me deixar onde eu quisesse. Já fiz isso outras vezes”.
Ora, com 39 ministros se sentindo no mesmo direito, com tantas partidas de futebol e tantas filhas de deputados e senadores casadoiras, haja aviões da FAB. E tudo pago com a grana dos nossos impostos. Enquanto isso, o trabalhador, vai ao trabalho socado dentro de velhos ônibus.
Mas, não é fácil mudar velhos hábitos. Certos políticos, à semelhança de tabagistas que não conseguem largar o cigarro, insistem em não abrir mão de avião da alegria e outros privilégios indecentes. É realmente difícil abandonar o vício! E, segundo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a persistência no vício, “confirma que os protestos não fizeram cair a ficha para os políticos. Eles acham que o Brasil continua o mesmo.” (Folha de S. Paulo, 04/07/2013)
Será que, algum dia, a ficha cairá para os políticos corruptos que, a cada ano, somem com 200 bilhões de reais dos cofres públicos? Esse é um dinheiro que não cai do céu, mas é fruto dos impostos escorchantes com que o cidadão é achacado pela única máquina de governo que funciona maravilhosamente bem: a Receita. Enquanto isso, nossa educação, saúde e transportes são essas coisas do arco-da-velha que todos conhecemos.
E, para ver coisas do arco-da-velha, nem precisamos tomar um jato da FAB. Nós as temos aqui. Temos, por exemplo, um prefeito que foi empossado e outro que quer ser empossado. Mas, empoçado mesmo, está o nosso município, Ou seja, está metido num poço. Não será isso coisa do arco-da-velha?

Claudino Piletti

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