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Bola na Rede, pelo lado de fora!

Claudino Piletti

“Bola na rede pelo lado de fora!”, berra o narrador da partida de futebol. E os torcedores do time atacante lamentam com algum furtivo palavrão. E os do atacado comemoram aliviados.Para torcedor, futebol é bola na rede pelo lado de dentro. É gol…  O gol, porém, não é tudo. Tanto que, em certa ocasião, o ex-jogador e ex-técnico de futebol Zagallo afirmou que o gol é apenas um detalhe. É claro que foi ridicularizado. Mas, todos aqueles que usam a cabeça não apenas para cabecear a bola, ou usar chapéu ou servir de suporte aos  penteados, concordam com ele. Sou um deles… Eis algumas razões.É óbvio que gol e vitória constituem o principal objetivo de jogadores e torcedores. “Quem vai ganhar?”, ansiosamente todos se perguntam. Porém, tal questão, quando retomada sem cessar, pode ter o mesmo efeito que uma droga e, assim, transformar jogadores e torcedores em toxicômanos.É óbvio, também, que é mais fácil digerir uma vitória que uma derrota. Porém, no futebol e na vida, pode-se aprender mais com derrota do que com vitória. Segundo provérbio japonês, “aprende-se pouco com a vitória, mas muito com a derrota”. E Buda (653-485 a.C) nos aconselhou: “Não deseje qualquer coisa com tanta intensidade que não possa viver sem ela.” Assim, pode-se desejar a vitória – o que, aliás, é natural –, mas, não a ponto de que não se possa viver sem ela. Ou sofrer excessivamente pela derrota do time pelo qual se torce.O famoso historiador inglês Eric Hobsbawm, afirmou: “A história pode ter vencedores a curto prazo, mas os ganhos históricos vêm dos vencidos”.  Exemplos disso são Alemanha e Japão, países derrotados na Segunda Guerra Mundial e, hoje, duas das maiores potências econômicas mundiais. E, quando nós brasileiros teremos os ganhos históricos da vergonhosa derrota de 7 a 1 para a Alemanha na última Copa do Mundo?Há casos, no entanto, em que a bola tem que ser, necessariamente, na rede pelo lado de dentro. Caso contrário, teremos grandes tragédias como, entre outras, a do incêndio na boate Kiss em Santa Maria (RS) e do rompimento da barragem de contenção de rejeitos em Mariana (MG).

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