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As Crianças na Sociedade do Excesso

Por volta do século XVII, Lord Rochester confessou: “Antes de me casar, eu tinha seis teorias sobre como as crianças devem ser criadas; hoje eu tenho seis filhos e nenhuma teoria”. Atualmente, as teorias sobre como educar as crianças se multiplicaram, o número de filhos por casal diminuiu e, quando temos filhos, ainda nos encontramos perdidos sobre como educá-los.  Por quê?

Antes das crianças nascerem, normalmente, os pais procuram se informar sobre como agir e o que fazer para educar seus filhos. No entanto, quando as crianças nascem, os desafios do cotidiano parecem não estar de acordo com o que foi planejado. A principal dificuldade, ao educar as crianças, é encontrar o equilíbrio entre o desejo de agradar e a necessidade de impor limites. Ao agradar, os pais obtêm rapidamente afeto e atenção das crianças. Ao impor restrições, a curto prazo, são retribuídos com desafeto ou descaso. No entanto, há o ditado popular que diz “dá a uma criança e a um porco tudo o que querem, e terás um excelente porco e uma péssima criança”. Assim, para uma criança, se dá o que ela precisa para se tornar um adulto capaz de viver em sociedade ciente de seus direitos e deveres.

Outro fator interessante é a tendência de acreditarmos que a felicidade está atrelada somente a momentos de êxtase e alegria intensa, ou seja, a fazer aquilo que queremos.  O filósofo Jean-Paul Sartre afirmava “A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz”.  Ou seja, não fazemos as crianças felizes quando satisfazemos todas as suas vontades, mas a ensinamos a ser felizes conhecendo, controlando seus desejos e valorizando suas conquistas.

Assim, para enfrentar os desafios de educar uma criança em uma sociedade de excessos e desejos insaciáveis, onde quanto mais teorias, mais dinheiro, mais “amigos”, mais coisas você tem, mais feliz e controle você parece ser, é preciso, simplesmente, não cometer excessos. Isso significa que é preciso ser cauteloso, ter paciência e lembrar o que ensinou Bertrand Russel “ficar sem algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade”.

Gloria Piletti

 

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