Além da questão ambiental
Editorial
Pensar na importância da Represa de Ituparanga no prisma ambiental já é suficiente para empreender todos os esforços para manter a qualidade de suas águas e seu volume. Certo que a falta de chuvas é uma variável que não podemos controlar, há outras medidas que precisam ser tomadas afim de garantir vida longa a represa, que encontra-se em estado desesperador com menos de 30% de sua capacidade, afetando Ibiúna e os demais municípios da Área de Proteção Ambiental de Ituparanga. O volume corresponde a menos da metade do que foi registrado no mesmo período do ano passado e as previsões de chuvas para o restante do ano tornam o cenário ainda mais sombrio. O fato é que, sem precisar ser especialista no assunto, a devastação da floresta no entorno do manancial tem contribuído para diminuir o volume e secar os braços da represa. São empreendimentos que surgem próximos ao reservatório, de forma descontrolada, além uso de agrotóxicos nas plantações das encostas e tantos outros desafios, como a falta da coleta de esgoto em bairros próximos aos rios que formam o manancial.
Mais do que a questão ambiental – que frisamos, já é demasiadamente importante – Itupararanga tem uma relevância além. A represa é o maior patrimônio do município de Ibiúna. A economia da cidade tem, muito, interferência do manancial para os investimentos turísticos, condomínios de luxos, abastecimento de água a cidades da região e outros benefícios. Nossa cidade é conhecida por ter volume de água e, devido grande parte a isso, tornou-se estância turística. Além da vida, a represa é um atrativo – ainda pouco aproveitado, é verdade – mas que já deixou muitos visitantes apaixonados por Ibiúna e, por isso, decidiram investir por aqui. Itupararanga é, de fato, o nosso tesouro.
Os condomínios e chácaras de veraneio as margens da represa geram emprego e renda a milhares de famílias ibiunenses e, quando construídos com responsabilidade, como o Clara Ibiúna Resort, não há o que desabonem. Com a represa volumosa, os imóveis valorizam, os visitantes são atraídos e a economia fortalecida. O inverso é verdadeiro. Por mais que alguns alegam que o município não tem nada de turístico, o que não nos falta é potencial – isso é incontestável; muito desse potencial, no entanto, se deve a represa, seu volume e a qualidade de suas águas. Sem Itupararanga, Ibiúna perde sua identidade, seu cartão postal e sua autonomia hídrica. Por isso, mais do que uma luta de uma ONG, a preservação das águas da represa é uma demanda ao poder público e a toda sociedade. Todas as medidas que puderem ser tomadas para amenizar o prejuízo nesse tempo de estiagem, tem de ser uma luta de todos nós.
Uma boa leitura a todos!