Colunistas

A privatização e o papel do Estado

Por Carolina Saito

Seguindo a cartilha neoliberal, o governo Bolsonaro tem se empenhado ao máximo para efetivar a privatização de grandes empresas estatais sob a justificativa de que não dão lucros e que precisam ser modernizadas. Não é uma coisa tão simples assim, pois, além de serem patrimônios nacionais, são empresas de setores estratégicos para uma país que busca o desenvolvimento econômico.
A falácia governamental e de grupos econômicos interessados na desestatização é sempre a mesma, de que os serviços ficarão mais baratos para o consumidor, mas na prática ocorre o inverso a exemplo das altas tarifas de telefonia.
Nas regras da privatização, as empresas que conseguiram a concessão de uma estatal devem investir na sua infraestrutura e modernização. Os lucros são enormes, caso contrário não haveria tanto interesse. É aí que está o problema, pois os grupos empresariais visam tão somente os lucros, sem a responsabilidade social de uma empresa estatal.
Nesses tempos de pandemia, os Correios (ECT) possibilitaram que até pequenos empreendedores pudessem enviar seus produtos aos clientes com tarifas postais acessíveis. Além de tarifas mais baratas em comparação com as das empresas privadas, os Correios têm agências espalhadas por todo o país, logística e empregam milhares de funcionários. Em 2020, a ECT teve um lucro R$ 1,53 bilhão, contrariando as falas do presidente e do Paulo Guedes.
A privatização da Eletrobras, segundo os analistas do setor, provocará aumento das tarifas de energia, prejudicando mais ainda a população carente e as atividades industriais.
É muito importante que os brasileiros se informem sobre o insucesso das privatizações mundo afora pelo encarecimento e ineficiência dos serviços. A França reestatizou o sistema de esgoto. Na Alemanha, foram reestatizadas as companhias de fornecimento de energia. A Argentina reestatizou o Correio. Percebe-se que mesmo no sistema capitalista a ausência do Estado em setores estratégicos é desastrosa e mais grave ainda em época de crise. Esse Estado é aquele que defende a soberania nacional e o bem-estar de todos, sem beneficiar a avareza dos capitalistas nacionais e transnacionais.

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