A prisão de militares alta patente
Carolina Saito
A prisão do general Walter Braga Netto em pleno sábado, dia 14, surpreendeu a todos diante da demora da prisão do ex-presidente Bolsonaro (PL). De acordo com a investigação da Polícia Federal, o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro articulou o golpe de Estado e o plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
As novas revelações do tenente-coronel Mauro Cid, sobre os personagens e suas participações na organização da tentativa de golpe de Estado e a implantação da ditadura sob a liderança de Bolsonaro, aprofundam as investigações da PF com provas cada vez mais robustas para a prisão do ex-presidente e sua organização criminosa.
A prisão preventiva de um general de 4 estrelas foi anunciada como um fato inédito na história recente do Brasil e abre precedentes para a punição de militares por crimes políticos. A não punição dos militares, responsáveis pelas atrocidades contra os opositores durante a ditadura (1964-1985), criou nas Forças Armadas o sentimento de que os seus quadros são intocáveis pela justiça.
Deste modo, o encorajamento dos militares bolsonaristas para o golpe tem muito a ver com a questão da impunidade pelos crimes cometidos no passado. Sabemos muito bem do perigo que corremos caso Bolsonaro fosse reeleito presidente da República ou se o golpe tivesse tido o apoio total nas Forças Armadas. A punição aos que mancomunaram contra a democracia e o Estado democrático de direito será exemplar ao mostrar que ninguém está acima da lei, seja militar ou civil.