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A inelegibilidade de Bolsonaro

Carolina Saito

Os brasileiros que elegeram o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) contribuíram para virarmos a página mais tenebrosa da história do Brasil depois da Ditadura Militar, tão enaltecido por Jair Bolsonaro (PL) e militares de extrema direita.
Os ataques às instituições republicanas e à democracia, os discursos de ódio e disseminação de fake news feitas por Bolsonaro e apoiadores não foram aceitas pelas cabeças pensantes, enquanto outras, mais influenciáveis, foram arrebanhadas por meio das redes sociais e muitos ainda se encontram imersos em um mundo paralelo, alimentados com mentiras.
E assim, os bolsonaristas continuam adorando o seu líder e acreditando nas suas palavras de que foi injustiçado na condenação à inelegibilidade por 8 anos. Para os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro cometeu crime ao usar de seu cargo para realizar, em junho de 2022, uma reunião com diplomatas estrangeiros para dar informações falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. O evento foi realizado em prédio público – Palácio da Alvorada –, transmitido por TV pública e com uso de recursos públicos para fins eleitoreiros.
Outras condenações virão, como a perda dos direitos políticos por improbidade administrativa, que o deixará afastado das atividades político-partidárias. Bolsonaro foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar multas que totalizam mais de R$1 milhão por não usar máscara durante a pandemia.
As investigações e inquéritos dos crimes mais graves e passíveis de prisão têm tirado o sono e provocado choro em Bolsonaro. A usurpação das joias que deveriam fazer parte do acervo da presidência, a tentativa do golpe de 8 de janeiro, as fraudes nas carteiras de vacinação, as propagandas de remédios ineficazes para a Covid-19 e contra as medidas de prevenção, as dificuldades impostas na compra de vacinas e o consequente aumento dos contágios e óbitos e o genocídio dos yanomamis são alguns dos graves crimes de responsabilidade do ex-presidente.
Bolsonaro costuma inverter as coisas. Diz que não há provas e que está sendo perseguido. Um jornalista bolsonarista da TV aberta chegou a comparar o incomparável ao dizer que a inelegibilidade de Bolsonaro pode ser anulada até as próximas eleições como aconteceu com Lula. Uma mentira, pois não houve nenhuma prova de crime contra Lula, que foi duramente perseguido. Já contra Bolsonaro existem inúmeras provas.
Para o bem de todos nós e do Brasil, a inelegibilidade do Bolsonaro é um livramento. A punição justa do ex-presidente, dos membros de seu governo e dos aliados envolvidos em crimes significa um acerto de contas com o presente para não cometermos o mesmo erro no futuro. É levar à compreensão de todos de que ninguém pode agir impunemente achando estar acima da lei. Que o opositor não é um inimigo a ser eliminado como prega a extrema direita. Nossa solidariedade aos familiares do petista Marcelo Arruda, assassinado na festa de seu aniversário por um bolsonarista há um ano.

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