Colunistas

A greve dos professores do estado sob os olhos de quem ama educar

Luiza Alves

Uma foto publicada nas redes sociais neste mês de abril me chamou muito a atenção: um professor segurava um cartaz que dizia “Minhas mãos estão sujas apenas de giz”. Logo me pus a refletir sobre esse dizer tão simples e ao mesmo tempo tão rico em críticas e verdades. Enquanto a classe dos profissionais do magistério público “suja” dignamente de giz as suas mãos, mãos essas que escrevem histórias, que dirigem futuros, que despertam saberes e que embalam o mundo, as mãos de muitas das nossas autoridades da política pública estão sujas de injustiças, descasos, autoritarismos e acima de tudo, de hipocrisias. São hipócritas que chegaram ao poder e se dão ao luxo de se fazerem demasiadamente surdos às necessidades e direitos daqueles que um dia o ensinaram a decifrar o mistério das palavras, das experiências, da vida… Uma grande tristeza toma conta de cada professor ao pensar que todos aqueles que hoje menosprezam a educação, um dia passaram pelas carteiras de uma sala de aula, e um dia admiraram àqueles cujas mãos continuam sujas de giz. Mas o que fazer então? Penso eu, com grande aflição, que a verdadeira importância de um professor se revelará por fim nos olhos daqueles que podem e devem fazer mais pela nossa classe, apenas no dia em que não mais existirem as mãos sujas de giz. Se em nosso país deixarem de existir os políticos, ainda existirão uma infinidade de profissionais; contudo, se deixarem de existir os professores, afundaremos na escuridão da ignorância.A greve dos professores do Estado de São Paulo ainda não se revelou nos olhos do nosso governador, que provavelmente já esqueceu que como todos, um dia, ele também marcou sua passagem pela escola, e que muitas mãos sujas de giz trabalharam sério e dedicadamente para que hoje, ele ocupasse uma cadeira da qual não consegue mais enxerga-los. Os professores do Estado de São Paulo não lutam por melhorias ou benefícios próprios…lutam por dignidade, respeito e direitos, pois muito embora não os reconheçam como tal, são eles que carregam o peso de uma nação.

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