A fantástica arte de ensinar
Pensando hoje no significado da palavra ensinar, recorri ao velho amigo Aurélio e lá encontrei a seguinte definição: “Ensinar, do latim, insignare, que significa instruir sobre, indicar, assinalar, marcar, mostrar algo a alguém”.De todas essas definições, duas me chamaram muito a atenção: marcar e mostrar algo. Pensei então nas minhas marcas, na maneira como os professores que passaram pela minha vida me marcaram com suas histórias, com suas didáticas, e como hoje sou o reflexo dessas marcas. Compreendi também nesse momento que esse mostrar, o qual o dicionário nos traz, é algo que vai muito além do que as palavras nos faz compreender. Todo ser humano é cheio de conhecimentos adormecidos, esperando que algo ou alguém os desperte. Esse despertar acontece quando um professor mostra ao seu aluno o que ele é capaz de fazer e compreender. Desse modo, posso dizer que na minha humilde concepção e no contexto da educação, mostrar é então a arte que todo educador tem de levar pessoas (crianças e adultos) a abrirem os olhos do conhecimento para um mundo cheio de descobertas. E você caro leitor, há de concordar comigo: que bela e complexa missão essa dos educadores; e quantos desafios a educação enfrenta entre o longo caminho do despertar ao descobrir-se capaz. Mas há um segredo nisso tudo, que nenhum dicionário ou livro será capaz de definir, que é o amor. Deixar nos nossos alunos marcas de amor, levá-los a percorrer caminhos de um saber prazeroso e significante. E foi pensando nisso que me recordei de sábias palavras de Rubem Alves, com as quais termino esse artigo. “Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes”.
Professora Luiza Alves