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A falsa memória de nossos roedores

O dia 25 de julho de 2013 ficará para sempre marcado na história da ciência. Foi nesse dia que, um grupo de cientistas coordenado por Susumu Tonegawa, biólogo japonês que ganhou o Nobel de medicina de 1987, comunicou ter conseguido implantar memórias falsas no cérebro de ratos. Mas, para nós brasileiros, isso não é novidade, pois, há muito tempo, tais memórias foram implantadas no cérebro de ratazanas que infestam nossa política. Tanto que, se um eleitor interpelar uma dessas ratazanas indagando: “O que me diz sobre seus deslizes?”, ela, por ter falsa memória, responderá: “Fico feliz por estarem felizes”.
Nunca, que eu lembre, um político corrupto reconheceu ter desviado um tostão dos cofres públicos. E, no entanto, duzentos bilhões de reais são desviados a cada ano. Será que alguém, bem antes que o Susumu, não realizou a proeza de implantar a falsa memória em nossos políticos? Por isso, acho que, nossos ministros – que, se eu não tiver falsa memória, são 39, – deveriam protestar contra a pretensão do biólogo japonês de ter sido o primeiro a implantar memória falsa em roedores. Os nossos roedores já a têm há quinhentos anos.
Acontece, porém, que muitos de nossos jovens, ao se libertarem de suas falsas memórias, descobriram que nosso país não é essa maravilha que se canta em prosa e verso. Saíram, então, às ruas para protestar, portando cartazes contra a corrupção. Eis os dizeres de alguns: “Povo unido contra a corrupção.” “Menos corrupção, mais educação.” “Os bandidos de verdade estão em Brasília, tudo solto.” “Ordem e progresso, faxina no Congresso.” “Senado: cabide de emprego.” “Eu quero é ‘CURA’ para a corrupção.” “Corruptos, vocês se preparem, vão cair um por um.” Oxalá isso aconteça o quanto antes, pois, o país não pode esperar por mais quinhentos anos.
E, inclusive, não faltou a exortação do Papa Francisco aos jovens para que continuem lutando contra a corrupção dos que deveriam se preocupar com o bem comum mas, ao invés disso, só se preocupam com o seu próprio bem,
Se as manifestações, e a exortação do Papa não surtirem efeito, só nos restará esperar que o biólogo japonês e seu grupo de cientistas decidam implantar memórias verdadeiras em nossos roedores. Assim, eles deixarão de ser roedores para se tornarem senhores. Mais exatamente: Senhores políticos.

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