Editorial

A espera de um milagre

Crise, para economistas, é tempo de oportunidades. Para políticos, também. Em tempos assim surgem os “salvadores da pátria”, muitos deles, aliás, bem hilários. Neste contexto, o país se aproxima das eleições gerais que irá definir o futuro político – pelo menos é o que se espera – para os próximos quatro anos. Para alguns, o ‘Mito’, que pode tirar o país do atoleiro da corrupção e da insegurança, é o experiente deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), do Rio de Janeiro. Para outros, quem pode salvar a nação do caos socioeconômico que atravessamos, trazendo de volta os empregos e projetos sociais, é o ex-presidente Lula (PT), preso pela Operação Lava Jato, na sede da Polícia Federal em Curitiba. Além deles, segundo as pesquisas eleitorais, há um embolado meio de campo, com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (Podemos). Entre todos os citados – exceto Lula, mas seus possíveis substitutos, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Hadad ou o ex-governador da Bahia Jacques Vagner – está o futuro presidente do Brasil.
Fato é que, postos estes nomes, há um percentual elevado de entrevistados pelos institutos de pesquisas que preferem o branco ou o nulo; não estão dispostos a sair de suas casas, no dia 7 de outubro, para escolher um deles presidente. Até porque, falta esperança de um futuro mais próspero aos brasileiros pelos nomes apresentados. O primeiro nos levantamentos está preso, condenado e sem condições de concorrer, pela Lei da Ficha Limpa. O tal ‘Mito’ também não empolga parcela da população, por isso, em sondagens de segundo turno a vitória é bem arriscada. Faltando dois meses para o primeiro turno da eleição, ainda é incerto os candidatos, quanto mais o futuro presidente. Isso porque o brasileiro está desacreditado, sem esperança e descrente em um milagre na política nacional.
As notícias são desanimadoras. O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) juntou para si o que há de mais tradicional no modelo falido da política nacional. Com um grupo de partidos denominado ‘Centrão’, que lhe rende o maior tempo de TV nos programas eleitorais, antes mesmo do pleito, tampouco da vitória, já se discutem ministérios, presidentes do Congresso Nacional, cargos, apadrinhamento político de estatais e outros conchavos que já provaram ser cânceres no desenvolvimento do país. Enquanto isso, Ciro Gomes continua cometendo gafes; Marina Silva demonstrando não ter condições, sequer, de administrar o nanico partido que ela mesmo fundou, a Rede Sustentabilidade (que não está sustentando-se); e Álvaro Dias sofrendo com o anonimato de político paranaense no cenário nacional.
O quadro é desanimador. Mas, como diz o ditado, a esperança é a última que morre. Embora, ainda que não tenhamos nenhum quadro empolgante, nos resta crer no milagre de que o eleito dará um novo rumo na política social, econômica e moral de nosso país. Estamos à espera do milagre.
Uma boa leitura e até a próxima edição.

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