Editorial

A desonra do mérito, em Ibiúna

Editorial

A Prefeitura de Ibiúna é a maior empregadora do município. São mais de 2 mil funcionários; destes, pouco mais de uma centena são os chamados cargos de comissão – além deles, existem também os indicados nas empresas terceirizadas, como nas organizações sociais que administram o hospital e a rede básica, sem falar dos transportadores de saúde e escolar. Também por isso, a eleição municipal mexe com a dinâmica da cidade. Afinal, são centenas de famílias que podem ser afetadas diariamente, com a questão ou a perda de um emprego. A falta de atração de investimentos na cidade, para gerar oportunidades, é uma forma, também, de manter o cabresto e a dependência financeira da política para centenas de famílias.
Essa dependência é, talvez, o motivo para o qual a população ainda continua em silêncio diante de medidas descabidas que são apresentadas em nosso município, como o projeto de Lei, votado pela Câmara de Ibiúna, na semana passada, que aumenta o subsídio do prefeito e vice em mais de 37% para o próximo quadriênio. O salário do prefeito de Ibiúna para 2025 a 2028 será de mais de R$ 35 mil mensais. A votação desse aumento foi no mesmo ano em que os funcionários municipais, a grande maioria concursados, receberam 1,46% de reajuste – menos do que a inflação acumulada no período de 12 meses. Os secretários municipais terão mais de 67% de aumento, dos atuais R$ 7,7 mil, irá chegar a quase R$ 13 mil por mês – é uma aberração!
Afinal, os nossos verdadeiros servidores (os da ponta), da educação, da saúde, da segurança municipal, da garagem e de tantos outros setores, são desprestigiados por governantes cujo a função é, justamente, valorizá-los. Apenas a título de comparação, o prefeito de Votorantim, a partir de 2025, vai receber R$ 25 mil por mês, valor que o de Ibiúna já recebe – lá, no entanto, é uma cidade com mais de 120 mil habitantes e uma arrecadação que é o dobro de Ibiúna. Não faz o menor sentido termos o prefeito mais bem pago da região se, em contrapartida, figuramos como um dos municípios com o pior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Metropolitana de Sorocaba. Também não faz sentido um município com 20 secretarias cujo salário mensal dos titulares será de quase R$ 13 mil mensais, sendo que, per capita, a nossa arrecadação é menor do que a média regional. É mais para o rei e para os amigos dele, em detrimento do povo, que mais precisa.
Medidas como essas, em contraponto a um mísero reajuste dos funcionários municipais concursados, é uma verdadeira desonra para quem, de fato, tem mérito em nosso município. E ainda estamos em período eleitoral.
Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.

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