A Copa das copas em cartaz
Em junho de 2013, nas manifestações de rua, inúmeros cartazes repudiavam a Copa e a FIFA. Diziam, alguns dos mais irreverentes e veementes: “Copa é o caralho!”. “FIFA go home”. “Quantas escolas cabem no Maracanã?” . “Copa do mundo , eu abro mão, quero meu dinheiro para a saúde e educação!” “Futebol que nada, acabou a palhaçada.” “Quero hospitais padrão FIFA”. “Quero escolas padrão FIFA”. “Dilma me chama de Copa e investe em mim. Ass. Saúde”. “Foda-se a Copa!”.Depois, em linguagem mais culta, o ex-jogador e deputado federal Romário (PSB- RJ), atacou: “Nós não podemos esperar nada que venha da FIFA, onde temos um chantagista chamado Valcke e um ladrão chamado Blatter ( Folha de S.Paulo, 17/10/2013:D3). Como Valcke declarou que Romário havia ultrapassado muitas vezes os limites da decência, o baixinho comentou: “Piada, né? O cara tem uma reputação suja ao extremo e vem cobrar decência de mim? Eu fiz mais pelo futebol em campo do que esse burocrata jamais poderá fazer atuando rasteiramente em negociatas nos bastidores” (Idem). E, em seguida, o deputado acrescentou: “É bem natural que o senhor Jerome Valcke não goste de mim, afinal, eu não alugo apartamento para ele, nem ofereço festa para ele depois de eventos da FIFA em São Paulo”. (Idem)O ex-jogador e deputado criticou, ainda, o preço do Mané Garrincha, o estádio mais caro da Copa, ao custo de R$1,4 bilhão. O Tribunal de Contas do Distrito Federal encontrou indícios de R$ 431 milhões em superfaturamento. E, além disso economizou, mais R$ 179 milhões em determinações ao governo do D.F. E, se o Tribunal de Contas fizesse em outras sedes, o que fez em Brasília? O que encontraria? Só Deus sabe! E tudo para mostrar ao mundo como se faz a “Copa das Copas!”.Enquanto isso, não somos capazes de mostrar ao mundo como se faz uma boa educação, como se deve cuidar da saúde e da segurança da população e como se deve construir estradas para escoar a produção. Em compensação, sabemos construir estádios que, após a copa, tornar-se-ão insustentáveis elefantes brancos objetos de infindáveis discussões. E, na construção dos estádios, superamos a África do Sul: gastamos bem mais e, enquanto lá morreram apenas dois trabalhadores durante as obras, aqui morreram nove.Por essas e por outras, se no final de 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, 79% dos brasileiros, segundo dados do Datafolha, apoiavam a sua realização, hoje, esse número caiu para 48%. O que mudou? É que em 2007, a economia crescia o desemprego diminuía e a inflação não ameaçava e a grana sobejava. Hoje, porém, o país está numa pindaíba do cão. E, além disso, com uma corrupção galopante. Pode-se até dizer que, enquanto nossa economia anda a trote a corrupção anda a galope. Mas, ao menos, seremos nós os campeões? O Felipão disse que sim. Pelo sim ou pelo não, prefiro dar minha opinião após a Copa das Copas.
Claudino Piletti