“Até o fim do primeiro semestre, daremos início ao nosso programa de governo”, promete João Mello
O prefeito João Mello (PSD) concedeu entrevista exclusiva ao VOZ. Sem perguntas combinadas, o jornal questionou, entre outras coisas, a questão de possíveis casos de nepotismo na Prefeitura, a troca suspeita de empresa de ônibus, as dívidas herdadas e as obras paradas. Mello garantiu que não houve negligência médica no caso envolvendo uma jovem, de 22 anos, que morreu após a gestação na Maternidade de Ibiúna. Entre as respostas, João prometeu que até o fim do primeiro semestre dará início ao seu programa de governo. Confira abaixo as respostas do prefeito por assunto:
Principais dificuldades
João Mello: “As dificuldades encontradas são imensas. Ibiúna enfrentou uma série de mudanças de prefeitos, ao longo dos últimos dez anos e isso apenas contribuiu para que não houvesse continuidade administrativa. Observamos e a população sentiu na pele essa descontinuidade, com projetos inacabados, promessas não cumpridas, desfazimento de ações – enfim, uma série infindável de prejuízos para toda comunidade, em todas as áreas, muitas vezes com o assentimento até mesmo da imprensa, que se calou e assistiu a tudo impassível”. (O que não foi o caso do jornal VOZ de IBIÚNA que denunciou, como tem feito até agora, os principais desmandos administrativos).
Primeiras atitudes e dívida herdada
João Mello: “Reorganizar a administração tem sido o maior desafio. Conseguimos racionalizar alguns custos, reduzir valores, otimizar alguns serviços, mas é bem de ver que em 75 dias é impossível grandes ações iniciadas e acabadas. Mas temos certeza que até o final do primeiro semestre teremos condições efetivas de dar início ao nosso programa de governo, após à casa arrumada. O total da dívida da Prefeitura é de R$ 77,4 milhões”.
Morte na maternidade
João Mello: “O falecimento de uma jovem após o parto, tragédia que pode ocorrer a qualquer tempo, mas que neste caso foi explorado de forma imoral pela oposição, deixando de lado os sentimentos da família para expor aquilo que lhes interessava, motivou a nossa intervenção direta no assunto. Já no mesmo dia, pudemos constatar que não houve negligência médica, de forma alguma – mas, independentemente disso, determinamos a apuração de eventuais responsabilidades pelo acontecimento.Desde que assumimos, estamos agindo para melhorar o atendimento no Hospital e Maternidade – e isso já pode ser sentido, com melhor distribuição dos plantões médicos e com insistência na humanização do atendimento. Outras ações virão, inclusive o Programa Mãe Ibiunense, trazendo mais conforto e segurança a todos os pacientes, não apenas às grávidas”.
Nepotismo descarado?
João Mello: “Não existe ‘elevado número’ de parentes em funções comissionadas – e rejeito o epíteto ‘descarado’ com que o jornal nos brinda. Uma pequena lição administrativa: uma coisa é função comissionada (na verdade, seria cargo de provimento em comissão) e outra coisa é cargo de agente político. Agentes políticos são os secretários municipais – e o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) é de que não há nepotismo se os parentes são Agentes Políticos – o que é o caso. O ‘elevado’ número na verdade se resume ao secretário geral de Administração, que tem qualificação para exercer o cargo, pois já exerceu cargo em administração anterior e é portador de qualificação profissional; ao secretário de Assuntos Jurídicos, que é advogado, e portanto, habilitado para o cargo. O secretário de Governo, que é ex-prefeito de Ibiúna, indiscutivelmente reúne todas as condições para o cargo mas, embora seja parente distante, não é sequer alcançado pelas vedações da súmula vinculante”.(Mello esqueceu, porém, que existem prima, cunhada e outros parentes ocupando funções de provimento em comissão).
Transporte Coletivo – ônibus de nova empresa chegou na cidade no dia 25 de janeiro, a rescisão contratual com a Raposo Tavares se deu em 02 de fevereiro. Veja o que disse o prefeito: João Mello: “A troca de empresas concessionárias do transporte coletivo se deu pelas inúmeras reclamações que recebemos antes mesmo de assumir o cargo de prefeito. A empresa foi contratada após várias pesquisas, em que foram levados em consideração os fatores pertinentes a essa modalidade de transporte. Desconhecemos o fato alegado, de que ‘os veículos foram trazidos antes da rescisão com a antiga concessionária’. Na verdade, os ônibus teriam que estar presentes no dia em que fossem iniciadas as operações, como ocorreu.Chama a atenção o fato de o ex-prefeito (Fábio Bello de Oliveira – PMDB) ter renovado o contrato emergencial, com a Viação Raposo Tavares, um mês antes do vencimento do contrato emergencial, então em andamento. Estranho a imprensa não explorar o fato, já que é inédito: a uma semana antes de deixar o mandato, o prefeito renova um contrato emergencial, em cima de outro que ainda estava em vigor, totalmente contra a lei vigente. Isso é direcionamento, isso é vontade de deixar a empresa continuar operando, de qualquer forma”.
Obras paralisadas
João Mello: “As obras paralisadas trouxeram milhões de reais de prejuízos aos cofres públicos e esses danos têm que ser apurados. Cito o caso da Delegacia de Polícia, em que a Prefeitura recebeu o dinheiro, construiu mal e errado o prédio, teve que devolver o dinheiro ao governo do Estado.Tudo a seu tempo. Vamos retomar as obras, após apuração, em andamento, do que causou sua paralisação e quais foram os prejuízos sofridos pelos cofres públicos.Bem de ver, além disso, que o estado caótico das finanças, que encontramos, não permite a retomada imediata de qualquer obra – ou seja, o município, hoje, graças à desordem em que estava, não tem capacidade de investimentos”.