A era da pós-verdade
Eleita pelo dicionário Oxford como a palavra do ano de 2016, a pós-verdade promete marcar uma nova era da sociedade contemporânea. O termo está relacionado a uma situação na qual os fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que o apelo para as emoções e crenças pessoais. Segundo especialistas a palavra foi uma das mais utilizadas em análises sobre as eleições norte-americanas e o referendo pela saída da União Europeia na Grã-Bretanha. Para eles, tais processos foram marcados pelo uso indiscriminado de mentiras e boatos proliferados pelas redes sociais. Na pós-verdade, a veracidade das informações torna-se secundária. E, a máxima de Goebbels, ministro de propaganda de Hitler, segundo a qual “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” adquire atualidade. Entre as consequências que a banalização da mentira traz para a sociedade estão a fragilização das relações pessoais e institucionais e a perda generalizada de confiança no outro. De um lado as novas tecnologias de informação e comunicação democratizam a verdade. Do outro, colaboram para fabricar e difundir inverdades cada vez mais reais. As comunidades virtuais transformam-se em guetos que cultuam suas próprias narrativas independentes dos fatos que as fundamentam. Basta acreditar para curtir, seguir e compartilhar, na maioria das vezes, sem questionar. Enfim, a capacidade de questionar é uma competência essencial para desenvolvermos em 2017, seja por conta da quantidade de informações e opiniões as quais estamos expostos, seja por conta de uma realidade cada vez mais dinâmica e fácil de ser manipulada.
Ana Cristina Piletti