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As promessas de fim de ano e a dificuldade de cumpri-las!

Ana Cristina Piletti

Fim de ano se aproxima. Pode-se dizer que 2016 foi um ano turbulento. Crise econômica, desemprego, corrupção, manifestações políticas e eleições marcaram a sociedade brasileira. As pessoas, cada uma de sua maneira, geralmente chegam esgotadas ao mês de dezembro. Estressadas com o chefe no trabalho, desanimadas com os estudos, frustradas com as decisões equivocadas, angustiadas com os quilinhos a mais, ansiosas pelo amanhã que pode ser melhor. E, é aí que mora o perigo. Por quê?

Não há nada mais inútil do que criar expectativas para um futuro melhor sem agir pontualmente na situação presente. Para muitos psicólogos e educadores, é preciso mudar primeiro a forma como pensamos para depois mudarmos os nossos comportamentos. Para outros, os pensamentos são fenômenos que podem retardar a ação concreta sobre a realidade. Ademais, há aqueles que acreditam que é nas relações sociais que podemos encontrar as possibilidades de mudança. Seja qual for a crença sobre a origem da mudança do comportamento, o fato é que promessas abstratas costumam falhar. Por exemplo: no próximo ano começo a dieta, em 2017 não vou deixar o meu chefe me explorar, no ano que vem vou estudar mais, vou participar mais da vida dos meus filhos e vou viajar mais com minha esposa/ marido. Pois é, o tempo passa e você pode até comer menos por uns dias, ter um comportamento mais assertivo com o chefe uma vez, estudar mais durante uma semana, dar mais atenção aos filhos no primeiro mês ou fazer uma bela viagem com o companheiro. Então, chega fevereiro ou março, e tudo está como antes. O que acontece?

Existe um círculo vicioso entre o que fazemos e as consequências de nossas ações. Um pensamento, sentimento ou comportamento é mantido por uma série de consequências das quais já nos habituamos. Neste sentido, o primeiro empecilho para a mudança é a coragem de fazer algo novo por um tempo prolongado e aguentar as consequências negativas que isso pode trazer. Por exemplo, sentir fome, o desprezo ou repreensão do chefe, a vontade de brincar ou jogar videogame ao invés de estudar, o sentimento de estar deixando de ser produtivo quando brinca com os filhos ou até a culpa de estar gastando tempo e dinheiro com viagem desnecessária. Pois é, mudar é um exercício que requer disciplina e bravura. A primeira para garantir que o agir diferente faça parte do dia a dia. Ações pontuais tais como evitar doces durante a semana, dizer não para o chefe quando necessário, aumentar o número de horas de estudos gradualmente por semana, etc. podem ser eficazes na medida em que não representem grandes rupturas.  O segundo pra lidar com as situações aversivas que surgirão deste novo modo de ser. Com certeza, para isso não é preciso virar o ano, é preciso transformar nosso modo de viver diariamente.

 

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