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Estudantes com causas ou que causam?

“O urgente não tem deixado tempo para o importante” alerta Mário Sérgio Cortela. O filósofo explica que esta frase deveria “pairar com frequência sobre as cabeças dos que se envolvem com a educação das gerações chegantes”. Por quê? Hoje, são comuns as notícias sobre violência, criminalidade, drogas, falta de limites e valores entre os jovens brasileiros. Em busca de responsáveis, a educação que é um conceito e não uma pessoa física ou jurídica tem sido responsabilizada.  É evidente que o sistema educacional funciona por meio de pessoas que, no sentido mais amplo, engloba diversos atores sociais como a família, a escola, o governo, entre outros. O problema é que, na urgência de preparar os jovens para a sobrevivência no mercado de trabalho e de embutir a tarefa para a educação duas coisas se perdem: o importante e o necessário. O importante são as causas essenciais para a vida em sociedade, ou seja, a cooperação, a partilha e a empatia. Por exemplo, nas décadas de 60 e 70 os jovens se mobilizaram contra a ditadura, já em 1992, uma nova movimentação estudantil colaborou com o impeachment de Fernando Collor. Hoje, portanto, pergunta-se, o que é importante ou qual é a causa dos jovens? A Marcha da Maconha (movimento a favor da legalização da maconha), o protesto Cor-de-Rosa (movimento contra a atuação da Polícia Militar na Universidade de São Paulo) entre outros protestos tem parecido mais manifestações individuais do que coletivas. Se o importante é a cooperação, a partilha e a empatia, tem sentido colocar como urgente a luta por causas isoladas e pontuais? Sobre o necessário, cabe dizer que a educação e, em especial, os agentes educacionais podem ter grandes ideais, no entanto, politicamente e efetivamente tem poderes limitados. Ao mesmo tempo, muitas vezes, o que se tem são pessoas fazendo com urgência o desnecessário. Também, há muitos críticos em relação ao que é feito e poucas ações sobre o que é necessário ser melhorado. Enfim, se é verdadeira a máxima de que “É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão” é válido dizer que é melhor conhecer novas causas do que causar por diversão.

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