Sem eleição não tem solução
Claudino Piletti
“Sem tesão não tem solução”, é o título de um livro do médico e psiquiatra Roberto Freire. O tesão, de acordo com Freire, consiste na capacidade de manter-se entusiasmado e inteiramente ligado no que se estiver fazendo. É claro que, sem esse engajamento, nada terá solução.O tesão do momento é a eleição. Mais de 60% dos brasileiros, entre os quais me incluo, querem nova eleição para presidente. Mas, para os juristas, nova eleição é golpe, pois não está prevista na Constituição.Como não sou jurista, mas filósofo, lembro aos caros guardiões da Constituição que, a democracia e, portanto, a eleição, não foram inventadas por juristas, mas por filósofos da Antiga Grécia. Em grego, a palavra democracia designa um governo do povo. E, a eleição, é o processo através do qual o povo faz suas escolhas.É claro que, para todos os que estão no poder, quanto menos eleições melhor. E, também, elas não são o remédio para todos os nossos males. Do jeito que ocorrem em nosso país são, às vezes, a maior causa de muitos males. Aliás, já o imperador D.Pedro II (1825-1892), observou: “As eleições, como elas se fazem no Brasil, são a origem de todos os nossos males”. (Apud Rónai, 1985:292)A melhor solução, certamente, não é acabar com a eleição, mas melhorar o nível educacional da população. Uma população instruída sabe, por exemplo, que é preciso respeitar a Constituição. Por isso, no momento, uma nova eleição para presidente só será possível se houver um grande acordo nacional. Caso contrário, os que desejam nova eleição terão que controlar seu tesão e cumprir o que determina a Constituição.Assim, apesar de achar que sem eleição não tem solução, sou obrigado como cidadão, a concordar com os guardiões da Constituição.
ErramosNa edição 336, página 3, o título do artigo do Profº. Claudino Piletti era “Lula e o Imperador da Prússia”e não “Sob o Signo de Escorpião” conforme foi publicado.