Por que Ibiúna tem os piores índices econômicos da região?
Carlinhos Marques
Dados do Instituto Brasileiro de Geografias e Estatísticas (IBGE), dos anos de 2008 a 2012, mostram que o município de Ibiúna tem um dos menores Produtos Internos Brutos (PIB) per capita da região. Comparado à média estadual, Ibiúna está defasada em mais de 60%. Em 2012, o valor total – calculado com base em todas as movimentações financeiras da cidade – foi de R$ 946 milhões. Dividido pelo número de habitantes, a cidade tem um PIB per capita no valor de R$ 13.103,81 por ano. Bem abaixo da média do estado de São Paulo, que é de R$ 33.624,41.Na comparação com cidades da região (como São Roque), Ibiúna tem um PIB de R$ 770 milhões abaixo da cidade vizinha. Lá, o PIB per capita foi de R$ 21.244,27 em 2012. Em Piedade, per capita, o PIB é de R$ 14.134,98. Vargem Grande Paulista, menor em espaço territorial e em população, possui um PIB de R$ 1.033 bilhões, o que corresponde a R$ 23.191,57 per capita.Ibiúna está à frente, apenas, de São Lourenço da Serra, cujo PIB per capita é de R$ 12.476,51, e Tapiraí, com PIB total de R$ 83,5 milhões anual e uma média por habitante de R$ R$ 10.525,63.Os números mostram o porquê de termos um comércio em situação caótica, níveis de desemprego cada vez maiores, pessoas que moram em nosso município e trabalham em outros e um número excessivo de empregos informais.Por conta da crise, e também dos baixos índices econômicos ibiunenses, nos últimos 12 meses a cidade ofereceu 5.348 novos postos de trabalho com carteira assinada. Os dados são do Ministério do Emprego e do Trabalho. Entretanto, o mesmo órgão aponta: o número de demissões é maior e o saldo é negativo. Em setembro de 2015 tínhamos 28 empregos a menos na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em São Roque, mesmo com a crise econômica, nos últimos 12 meses, foram 11.306 admissões e um saldo final positivo na marca de 642. Em Vargem Grande Paulista, o número de admissões foi de 7.193 contra 6.126 demissões, em um saldo de 1.067 novos empregos.Diante de tais dados, é nítido que há algo muito errado em Ibiúna.Pior crescimentoO Brasil viveu seus melhores momentos econômicos entre os anos de 2002 a 2007. Foi nessa época que as principais cidades vizinhas tiveram suas maiores taxas de crescimento. Ibiúna, no entanto, não acompanhou o restante da região. Em 2001, São Roque tinha um PIB de R$ 494 milhões. Oito anos mais tarde, o valor saltou para R$ R$ 1.041.462,00. Um crescimento correspondente a 110%. No mesmo período, o PIB de Vargem Grande Paulista saltou de R$ 253.698,00 para R$ 665.206,00. Ou seja, uma elevação de 162%. Em Ibiúna, por outro lado, o crescimento foi de R$ 365.401,00 para R$ 592.045,00, ou seja, apenas 61%.De 2008 a 2012, todas as cidades da região tiveram índices de crescimento semelhantes: Ibiúna, 60%; São Roque 65%; Vargem Grande Paulista 55%; Piedade 58% e Mairinque 62%. Os dados mostram que os municípios vizinhos aproveitaram o melhor momento da economia nacional para trazer mais indústrias, fomentar a economia, promover melhorias de infraestrutura, melhores rodovias, incentivos ao turismo (no caso de São Roque) e, consequentemente, oferecer melhores e mais abrangentes serviços públicos à população. Foi nesse período, também, que a Rodovia Raposo Tavares expandiu sua duplicação e as cidades do eixo Vargem Grande Paulista, São Roque e Mairinque passaram a ter mais investimentos. Em meio à bonança dos vizinhos, Ibiúna conseguiu, somente, o recapeamento da pista única da Rodovia Bunjiro Nakao – o que também influenciou o baixo crescimento do PIB de Piedade no período, que foi de apenas 48%.Em 2001, nosso município tinha um PIB 26% inferior ao de São Roque. Em 2008, a inferioridade econômica passou a ser de 43%. Já em relação a Vargem Grande Paulista, Ibiúna tinha superioridade econômica em 2001, com PIB 44% maior que o da cidade vizinha – com uma população também superior. Em 2008, porém, Vargem Grande Paulista passou a ostentar um PIB 12,5% acima de Ibiúna.Ao passo que essas cidades passaram a ter melhores índices econômicos, valorizando novas fábricas e indústrias, incentivando o turismo e fomentando a economia, o poder público ibiunense focou esforços na construção de escolinhas, postinhos de saúde, quadrinhas esportivas e tantas outras pequenas obras – que também não melhoraram os índices da Saúde e da Educação. Tivemos uma estranha lista de prioridades que em nada contribuiu para o desenvolvimento de nossos índices.Ibiúna esqueceu da geração de emprego, da qualificação dos jovens e adolescentes, do apoio ao turismo e das obras logísticas que poderiam trazer mais investimentos. Enquanto São Roque conseguiu, com ajuda do Governo do Estado, viabilizar a pavimentação de um trecho que liga a região à Rodovia Castelo Branco, Ibiúna permaneceu com a Rodovia Bunjiro Nakao, que corta a cidade, com pista única e sem acesso a Rodovia Régis Bittencourt (BR 116), por meio da estrada do Verava – uma obra que poderia melhorar a logística de toda região com acesso mais fácil e rápido à Baixada Santista e ao Vale do Ribeira.Fato é que, enquanto as cidades vizinhas pensaram alto, nosso município ficou à mercê do pequeno. O resultado: perdemos a oportunidade de crescimento no melhor momento da economia. Esperamos ter outras oportunidades.Carlinhos Marques é vereador, ex-presidente da Câmara e da Comissão de Finanças Legislativa.