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Educação: contra quem competirão nossos filhos e netos?

Glória Piletti

Segundo o economista Claudio Moura Castro, do ponto de vista de suas regras e formato legal, não há um só país com ensino médio pior que o nosso. Os alunos reclamam do excesso de disciplinas; da falta de professores qualificados; do pouco tempo efetivo dedicado ao ensino da disciplina; da falta de base anterior, etc.E, para Luís Carlos de Freitas, a Pátria Educadora não passa de uma cópia de políticas retrógadas que estimulam a privatização da educação pública.Dados divulgados dia 13/05/15, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),  o Brasil ocupa o 60º lugar em ranking de educação com 76 países. As cinco melhores colocações ficaram para os países asiáticos: 1º Cingapura, 2º Hong Kong, 3º Coreia do Sul, 4º Japão e 5º Taiwan.Segundo o diretor educacional da OCDE, Andreas Scleicher, é a primeira vez que o ranking consegue ter uma escala “verdadeiramente global” sobre a qualidade da educação. “A ideia é dar a mais países, ricos e pobres, a possibilidade de comparar a si mesmos com os líderes mundiais em educação para descobrir seus pontos fracos e fortes e ver os ganhos econômicos a longo prazo gerados pela melhoria da qualidade da educação”. Por falar em qualidade da educação, vale a pena conhecer, por exemplo, o novo sistema educativo que está sendo testado no Japão, um plano piloto revolucionário chamado “Mudança Corajosa” (Futoji no henko). É tão revolucionário que treina crianças como “cidadãos do mundo”, não japoneses. Nessas escolas, não se rende o culto a bandeira, o hino não é cantado, não se vangloria heróis inventados pela história. Os alunos já não acreditam que o seu país é superior aos outros só porque eles nasceram lá. Eles já não vão à guerra para defender os interesses econômicos de grupos poderosos, disfarçados de “patriotismo”.  O foco principal do ensino está na compreensão e aceitação das diferentes culturas com seus horizontes globais e não de cunho nacional. O mais interessante é que a mudança está ocorrendo numa sociedade extremamente tradicional e machista!O programa dos 12 anos é baseado nos seguintes conceitos: zero patriotismo; zero supérfluo; zero tarefas. E apenas 5 matérias que são: 1 – Aritmética.  Voltada para negócios. Operações básicas e uso comercial de calculadoras. 2 – Leitura. Eles começam a ler diariamente uma folha de livro (escolha livre) e têm que acabar de ler um livro por semana. 3 – Cidadania. Entendimento da cidadania como pleno respeito à lei, coragem cívica, ética, respeito às regras de convivência, tolerância, altruísmo e respeito à ecologia. 4 – Computação. Office, internet, redes sociais e negócios online. 5 – Quatro línguas. Alfabetos, culturas e religiões: japonês, inglês, chinês e árabe, com visitas de intercâmbio de famílias em cada país durante o verão.Qual será o resultado deste programa? Jovens que aos 18 anos: falam 4 idiomas, conhecem 4 culturas, 4 alfabetos e 4 religiões. São expertos no uso de seus computadores. Leem 52 livros cada ano. Respeitam a lei, a ecologia e a convivência. Manipulam a Matemática Empresarial com minúcias.E contra eles vão competir nossos filhos e netos! Alerta Francisco Javier Abad Velez. E, nossos filhos e netos são: “Carinhas” que sabem mais de T.V., fofocas, nomes de artistas famosos… Mas sem história. Adolescentes que falam espanhol (mais ou menos), têm ortografia ruim, não conseguem fazer somas de frações, e que são especialistas em “cópias” durante os exames. Crianças que passam mais tempo assistindo televisão do que estudando ou lendo, quase sem entender o que leem. Crianças que são chamadas de vídeo homo porque não socializam, mas estão estupidificadas com o iPod, iPad, tablets, skate, blackerries, facebook, chats, onde só falam da mesma coisa. Ou jogos de computador, que ameaçam a liberdade, educação, autoestima, o respeito pelos pais ou outras pessoas, a solidariedade, a cultura e promovem um egoísmo alarmante.

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