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Posicionamento político, o que é isso afinal?

Para votar é preciso fazer escolhas, isto é, posicionar-se politicamente. É comum, em época de eleições, ouvirmos falar que uma pessoa ou partido é de esquerda, de direito ou de centro e que isso reflete seu posicionamento político. Afinal, o que significa isso?O sociólogo francês Pierre Bourdieu dizia que o Estado tem duas mãos: direita e esquerda. A mão direita seria representada pelos responsáveis pelas finanças e economia do país. Já a mão esquerda seria representada pelos responsáveis pelo desenvolvimento social do país.  Assim, é possível reconhecer o posicionamento político de alguém ou de algum partido a partir dos discursos e propostas defendidas. O apoio a políticas neoliberais, ou seja, a mínima intervenção do Estado nas questões econômicas, ao direito a propriedade privada, a liberdade individual, a preservação do status quo e aos valores tradicionais da sociedade são ideias relacionadas à direita. Por exemplo, propostas de redução de impostos, de incentivo a livre concorrência e de leis antidrogas podem ser associadas à direita. Por outro lado, o apoio às ações governamentais que promovam a igualdade social, a distribuição de renda e de terras, a ampliação das cargas tributárias para serem revertidas em ações assistenciais e a valorização dos direitos humanos são ideias geralmente relacionadas à esquerda.  Por exemplo, propostas de aumento do salário mínimo e das cargas tributárias e de defesa do casamento homoafetivo estão mais associadas à esquerda. Àqueles partidos e pessoas que negociam com as propostas apresentadas pela direita ou pela esquerda, podem ser considerados de centro, isto é, não defendem totalmente nenhuma das duas posições. Atualmente, há diversas críticas a posicionamentos muitos radicais ou ao não posicionamento. Millôr Fernandes escreveu “Sou contra a extrema-direita, contra a extrema-esquerda e sobretudo contra o extremo centro”. Para Pierre Bourdieu quando o Estado é governado por apenas uma das mãos, direita ou esquerda, há um desequilíbrio que certamente reflete em problemas sociais e econômicos. Assim, considerando que os recursos de um Estado são escassos e que é impossível governar apenas com políticas de extrema esquerda, direita ou centro, cabe a cada cidadão, a difícil e árdua tarefa de definir prioridades e analisar as propostas e posições dos candidatos para votar naquele que melhor atende às necessidades atuais do país.

Ana Cristina Piletti

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