O Espetáculo Político
Futebol sempre foi considerado um espetáculo. E, hoje, quem diria,a política virou espetáculo. E, também, as guerras, as grandes catástrofes, o ebola e até a própria religião.Quem determina o sucesso de um espetáculo é sempre o público. Noespetáculo da política, são os eleitores. Aí eu me pergunto: diante do nosso atual espetáculo político, quantos eleitores iriam votar, caso não fossem obrigados? Mas, no caso do espetáculo político, não se trata apenas de votar ou não votar. Trata-se do que devemos fazer para torná-lo menos massificante e mais edificante. Nós, a sociedade, somos a plateia. Assim, compete a nós dizer qualespetáculo deve acabar e qual precisa continuar. Se aplaudimos e damos ibope às coisas e pessoas erradas, não temos do que reclamar.Política, porém, não se restringe aos políticos e partidos. Abrange tudo o quediz respeito à nossa vida coletiva: saúde, educação, transporte, pesquisa científica,etc.Personagens e problemas referentes a essas áreas, no entanto, não são do conhecimento da plateia do espetáculo político. Essa plateia conhece os nomes de jogadores de futebol,mas não conhece o nome dos nossos grandes educadores e escritores. Ela conhece os nomes dos BBBs, mas não conhece o nome dos nossos cientistas.Isso ocorre porque vivemos na sociedade do espetáculo. O espetáculo consiste na”multiplicação de imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia.” (Guy Debord). Assim é o espetáculo político, que está mais para diversão do que para reflexão.
Glória Piletti