Editorial

As eleições e a mídia, uma relação de interesses

Estamos em época de eleições e, todos os dias, um novo escândalo acontece e acaba atraindo as atenções dos mais informados (ou que julgam ser), que são formadores de opinião. Se o leitor prestar atenção no que vê na TV ou lê em jornais e revistas de grande circulação, perceberá que, independentemente da gravidade da situação, uma crise acaba tendo mais impacto que outra, alguns políticos são mais expostos que outros e por aí adiante. Isso faz com que um problema que não necessariamente tenha o poder de mexer com a vida de todos os cidadãos ganhe status de calamidade, enquanto outros, que afetam diretamente cada um de nós, sejam limitados a um espaço que faça parecer não ter importância.
Um exemplo claro é atual crise na Petrobrás, que está sendo exposta diariamente por todos os jornais e revista. O fato é que houve denúncias que estão sendo apuradas e os responsáveis serão punidos. Porém, de modo geral, a mídia espetaculariza a notícia de modo a fazer com que o cidadão, sem qualquer informação mais apurada sobre o fato, de cara já julgue e condene pessoas que talvez nem tenham qualquer relação com o ocorrido. Detalhe, sempre envolvendo políticos do PT, com o objetivo de mostrar que é “esta corja de mau caráter, este câncer” que está acabando com o Brasil. Como dissemos, é uma denúncia que está sendo apurada. Em outros tempos, se houvesse uma denúncia, ela simplesmente era engavetada (Quem se lembra do Engavetador Geral da República, Geraldo Brindeiro, que não deu prosseguimento a 4 mil processos de denúncias contra o Governo Fernando Henrique Cardoso?).
Por outro lado, a crise da falta de água está sendo abordada, pela maioria dos veículos de comunicação, como problema exclusivamente de falta de chuva. De forma geral, o Governo do PSDB, que está no poder há anos, está sendo praticamente livrado de qualquer responsabilidade, ainda que tenha tido tempo de sobra para planejar políticas para o abastecimento no Estado de São Paulo.  E esse, sim, é um problema que afeta cotidianamente o cidadão paulista e pode comprometer, inclusive, as futuras gerações. O problema, entretanto, parece não estar merecendo a mesma atenção por parte dos meios de comunicação.
Mas o que há por trás da postura dos veículos de comunicação tradicional? Ora, não há veículo de comunicação absolutamente imparcial, como todos tentam pregar. Pelo contrário, durante o Golpe Militar de 64, muitos veículos de comunicação foram criados para servirem como propaganda do regime e outros criaram grandes impérios justamente nesta época. A Rede Globo tem, em seu passado negro, a edição vergonhosa de um debate que ajudou a tirar do então candidato Luis Inácio Lula da Silva a Presidência da República, em 1989, conquistada pelo bom moço, simpático, bonito, atleta, amante do verde, caçador de marajás, herói nacional Fernando Collor de Mello. O que aconteceu depois, todos sabemos.
Portanto, cuidado com o que os veículos de comunicação pintam como os bonzinhos e procure saber mais sobre aqueles que estão sendo demonizados nas capas da revista. Talvez eles estejam querendo vender a você lobos em pele de cordeiro, enquanto mostram às ovelhas um caminho para a felicidade que vai dar na fila do abate.

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