Colunistas

É tudo uma questão de nariz

Já houve tempo em que eu esquentava a cabeça ao constatar o baixo nível intelectual e, sobretudo, moral de nossos políticos. Hoje, porém, já não esquento, pois, percebi que há uma relação de causa e efeito entre a qualidade de um povo e a de seus políticos. Tal relação é expressa pela conhecida afirmação de que “cada povo tem o governo que merece”.

Então, se essa relação é inevitável, o que podemos fazer? Relaxar e gozar? Sair por aí quebrando tudo?  Sair por aí portando nariz de palhaço?

Vejamos… Aquele que simplesmente relaxa e goza, torna-se alienado. Aquele que sai por aí quebrando tudo, torna-se anarquista inconsequente. Mas, aquele que sai portando nariz de palhaço, é sincero e coerente, pois, mostra como se sente: um palhaço.

Sinceros e coerentes, é o que não são nossos políticos, pois, se o fossem, sairiam às ruas portando  nariz de Pinóchio. Embora eles não se considerem mentirosos, é muito difícil acreditar que, no fundo, não saibam que são.

Assim, é tudo uma questão de nariz. O povo, que não tem cara de pau, vai à rua de nariz de palhaço. O político, porém, que tem cara de pau, não vai à rua com o nariz do Pinóquio, que é um boneco de pau… E, ainda, se lhe der na telha, o político manda baixar o pau no que se manifesta nas ruas.

Filósofos, sociólogos, cientistas sociais e congêneres, costumam recorrer a sofisticadas teorias para explicar a situação da nossa sociedade. E, no entanto, é tudo uma questão de nariz. Ou seja: a sociedade está como está por dividir-se em pessoas com nariz de palhaço e pessoas com nariz de Pinóquio. Há, também, cada vez mais pessoas que se recusam votar porque o nariz delas já não suporta o cheiro que exala das urnas.

Mas, o nariz mais famoso da história, é o da rainha egípcia Cleópatra, célebre pela sua formosura, que cativou o grande imperador romano Júlio César. Aludindo ao nariz dela, o filósofo francês Pascal disse que se ele tivesse sido mais curto, teria mudado a face do mundo, pois, César teria casado com ela e conquistado o Oriente.

Voltando aos nossos políticos, pode-se dizer que, se não mentissem tanto, teriam um nariz mais curto. Então, certamente, outra seria a face da nossa sociedade.

Claudino Piletti

 

 

Comments

comments