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Afinal, quem é o dono do circo?

Em certa ocasião, no meio da floresta, o leão, considerado o rei dos animais, encontrou o elefante e, de nariz empinado, lhe perguntou:

-Diga-me, meu fiel súdito elefante, quem manda na floresta?

O elefante, com sua enorme tromba, agarrou o leão e jogou-o para o alto. O “rei dos animais”, estatelou-se no chão e, ainda tonto, disse ao elefante:

– Perguntar não ofende, senhor elefante. É claro que quem manda na floresta é você!

Há um provérbio que diz: “Se o elefante soubesse da sua força, seria o dono do circo”. O mesmo pode-se dizer do povo: se ele soubesse da sua força, seria o dono, por exemplo, desse circo mambembe e na lona em que se tornou o nosso município.

Aliás, dizemos “nosso município” por força do hábito. Na realidade, porém, ele não nos pertence. Se nos pertencesse, teríamos o poder de decisão para mudar a caótica situação em que ele se encontra. Tal é o caos que já não se pergunta:  “Quem é o  prefeito?”, mas “, “Quem é o prefeito de plantão”?

O povo, só raramente toma consciência de que é, ou deveria ser, o verdadeiro dono do circo. Ele, geralmente, é engabelado, isto é, enganado com as falsas promessas dos que se consideram os reis da cocada preta. O que se verifica, atualmente, é que mesmo políticos novos, vão com tanta sede ao pote do poder que, logo esquecem o povo. Só até as próximas eleições, é claro.

Enquanto isso, povo, só em poucos momentos privilegiados toma consciência do seu poder. Um desses momentos ocorreu por exemplo, nas manifestações de junho, quando, no cartaz de um manifestante, podia-se ler  “ Ih, fodeu ! O povo apareceu.” E, em outro: “O povo acordou, falta ao Brasil dos grandes acordar” . E, num terceiro cartaz, o seguinte recado: “ Governantes aprendam a ceder à vontade do povo, pois esse é só o começo”. Oxalá isso seja verdade! Mas, para tanto, o povo precisa se organizar, pois, já não dá mais para confiar nos nossos partidos. Por isso um cartaz das manifestações dizia: “O povo unido não precisa de partido”.  Se não precisa de partido, precisa de organização. Só com a tromba com a qual anda, o povo não conseguirá jogar para o alto os que  se consideram reis e donos da nossa escura floresta.

Claudino Piletti

 

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