Com chuvas abaixo da média, represa começa leve recuperação em 2024
Não foi apenas a paisagem que demonstrou. Os números de dezembro e deste início de ano comprovam que as chuvas ficaram abaixo da média, levando a uma queda do nível da represa neste período. Os dados foram apresentados na primeira reunião do ano do Grupo de Trabalho de Crise Hídrica, que aconteceu na manhã de hoje.
Dezembro foi um mês atípico, fechando com apenas 48% das chuvas que eram esperadas. Diante deste cenário, desde o dia 20 de dezembro, a CBA reduziu a vazão defluente (que sai da represa). Janeiro, nestes primeiros 15 dias, chegou a 44% do que se espera para o mês em relação à série histórica de chuvas. Hoje, Itupararanga está com 60,49% de seu volume, na cota 820,59m, e com as chuvas da semana passada (10, 11 e 12 de janeiro), o reservatório apresentou uma pequena elevação de seu nível.
A SOS Itupararanga, que integra o GT, comentou sobre a preocupação que atinge novamente a região, pois é notável a redução do nível da represa nos últimos meses, apesar de estarmos na época das chuvas.
A CBA reforçou que está operando a barragem de acordo com a regra operativa que está vigente há, exatamente, 1 ano, e que vem sendo acompanhada pelo Grupo de Crise Hídrica. A regra operativa tem como objetivo manter a maior quantidade de água na represa, de acordo com as vazões de entrada de água no reservatório, para compatibilizar os usos múltiplos, como o abastecimento público, a geração de energia, o controle de cheias e os demais usos, como irrigação e lazer. Conforme as previsões de chuvas se confirmam ao longo do tempo, as vazões defluentes se ajustam para atender ao que está definido na regra.
Hoje, Itupararanga está na faixa denominada Livre 2 que, pela regra operativa, varia entre as cotas 819,5m e 823m. Neste estágio, a vazão mínima defluente é de 4m³/s, que está sendo praticada atualmente. Somando-se a vazão de abastecimento de Sorocaba, saem hoje da represa, 6m³/s de água.
O coordenador do GT, Prof. André Cordeiro, relembrou que é necessário se garantir que o reservatório tenha capacidade de absorver as chuvas previstas para o período úmido, cumprindo, dessa forma, uma das funções da represa que é o controle de cheias abaixo da barragem.
Completando 1 ano, regra operativa da represa passará por avaliação
Conforme deliberado pelo Grupo de Crise Hídrica em 09 de janeiro de 2023, assim que completasse 1 ano de vigência, a regra operativa que está sendo praticada em Itupararanga seria objeto de avaliação.
Terão início em março deste ano as discussões pelo GT para avaliar se a regra foi eficiente, e quais ajustes deverão ser efetuados nesta ferramenta. A ONG sugeriu que o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Itupararanga também participe destas discussões, já que um parecer técnico do Comitê de Bacia sobre a regra operativa integrará o processo para emissão da outorga pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para a CBA. O objetivo do GT é que, para a próxima concessão de Itupararanga, o futuro operador obedeça à regra e às recomendações que serão apresentadas pelos órgãos colegiados que realizam a gestão da represa. O Prof. André também sugeriu a realização de um encontro em Ibiúna, para esclarecer à sociedade como funciona a regra operativa, seus objetivos e resultados.
Futura concessão
O Ministério de Minas e Energia ainda não emitiu um parecer sobre o futuro de Itupararanga, ou seja, ainda não saiu nenhuma decisão sobre uma eventual renovação da concessão ou a realização de uma nova licitação.