Brasil: 200 anos de independência
Por Carolina Saito
A comemoração do segundo centenário da independência do Brasil no próximo dia 7 de setembro pode parecer sem sentido para os céticos que acham que não há nada para se comemorar ou para outros que simplesmente não se interessam pela história do nosso país, somente se importando com o feriado.
Os livros de História do Brasil contam que, diferentemente do que ocorreu em outras colônias da América, o processo de independência do Brasil não contou com a participação do povo, pois foi a elite colonial brasileira (grandes fazendeiros, comerciantes e funcionários públicos) que se mobilizou em torno do filho do rei de Portugal, o príncipe D. Pedro, para liderar o movimento em defesa dos seus interesses que estavam ameaçados com as intenções das Cortes portuguesas.
Em outras palavras, a data marca a ruptura da relação colonial com Portugal e o surgimento do Brasil como país independente. O novo e enorme país da América do Sul chamava a atenção e era considerado exótico aos olhos dos europeus por representar uma monarquia de origem europeia nos trópicos. Mas não houve mudanças na estrutura econômica, pois se manteve o modelo agrário-exportador, latifundiário e escravocrata, que, sem dúvida, deixou profundas raízes na formação do Estado-Nação brasileiro.
A principal questão é o significado de um país verdadeiramente independente. Pela trajetória do Brasil, observamos que não basta apenas independência política. A independência econômica é condição essencial para garantir a preservação das florestas e da fauna, a exploração das riquezas naturais sem prejuízo à natureza e aos indígenas e em benefício do povo brasileiro, não de grupos estrangeiros e brasileiros como tem ocorrido. É preciso reverter outros retrocessos ocorridos a partir do golpe de 2016 como a perda de diversos direitos trabalhistas, a desindustrialização e, consequentemente, a dependência de produtos estrangeiros. Um país independente tem um governo que garante ao seu povo educação, trabalho, saúde, alimentação, segurança, enfim, uma vida digna.
A comemoração dos 200 anos de independência deve ser um momento de reflexão, de conhecimento e entendimento da história e de resistência às injustiças para que os erros do passado não se repitam e os do presente sejam remediados para que o nosso país deixe de ser a “Pátria Amada Brasil” da classe dominante ligada aos interesses de grupos estrangeiros. Que o Brasil seja de fato a pátria amada do povo brasileiro.