O crescente aumento do custo de vida e da insegurança alimentar no Brasil
Por Carolina Saito
Os constantes aumentos nos preços da energia elétrica e dos combustíveis têm incidido sobre os outros produtos, principalmente os alimentos, afetando a qualidade de vida dos brasileiros. Quem tem emprego, reduz ou substitui os alimentos por outros mais baratos, mas para os desempregados a situação é desesperadora. Muitos estão pedindo ossos nos açougues e comprando fragmentos de arroz, usados na fabricação de ração para animais. Casos tristes são diariamente noticiados, como o de uma senhora idosa e aposentada de São Paulo que estava pedindo gordura bovina para misturar ao feijão, pois tem que alimentar os filhos desempregados.
O povo tem reclamado muito da alta dos preços dos alimentos básicos e do gás de cozinha. De junho de 2020 a junho de 2021, o arroz e o feijão preto tiveram aumento nos preços de 37% e 18,46%, respectivamente. A carne bovina teve um aumento de 32% e a de frango, 22,73%.
A situação do país é alarmante. São 14 milhões de desempregados e 19 milhões de brasileiros que estão passando fome, segundo dados de 2020 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). Famílias despejadas e morando nas ruas. Apesar de tudo isso, a humanidade continua longe do Governo Federal, a começar pelo presidente da República, que chamou de idiota os brasileiros que querem comprar feijão em vez de fuzil. O seu ministro da Economia, Paulo Guedes, acha natural o povo pagar pelo aumento do custo de produção da energia elétrica por causa da crise hídrica. Sem nenhum constrangimento, Guedes disse que “não adianta ficar chorando”. O que temos é uma política econômica desastrosa e o desmantelamento de políticas públicas de combate à fome. Segundo estudiosos da segurança alimentar, o Bolsa Família está defasado em valor e abrangência.
Diante dessa situação, vale lembrar que a sociedade civil, os membros de diversas igrejas e ONGs têm realizado um papel atuante na coleta e distribuição de alimentos para a população vulnerável. E merece destaque a ação de inúmeros brasileiros anônimos que, na medida do possível, contribuem com suas doações. Felizmente, a solidariedade e a empatia são valores que estão no coração de muitas pessoas e sobrevivem ao caos.