Colunistas

Aulas presenciais – nada será como antes

Por Professora Luiza

Vivendo ainda dias apreensivos de pandemia, o retorno presencial das escolas públicas tem sido assunto de grande polêmica. Os prejuízos pedagógicos são e serão por muito tempo gritantes. Mas a questão aqui é outra: os impactos emocionais que a pandemia trouxe para a vida de todos aqueles que agora adentrarão novamente os portões da escola. Há plano de retorno – sanitização dos ambientes, uso de máscara, distanciamento, entre outras medidas – mas pouco se fala no preparo emocional para enfrentarmos o fato de que nada será como antes. Muitos alunos e profissionais das escolas tiveram suas vidas totalmente transformadas por esse vírus, que embora muito pequeno, conseguiu trazer uma destruição imensurável. Como trabalhar a ausência daqueles que se foram e nem se quer pudemos dizer adeus? Como trabalhar as cadeiras vazias (nas salas de aula e em casa), de pessoas que não voltarão mais e não puderam receber aquele último olhar carinhoso que sem dizer nada acaba por dizer “calma, eu estou aqui”? Como explicar para as crianças que seus coleguinhas estão ali, mas que não poderão brincar juntos, partilhar abraços ou ainda emprestar sua canetinha colorida? Como administrar um ambiente repleto de pessoas ansiosas por interação, mas limitadas não apenas pelas barreiras sanitárias como também pela barreira do medo? Não estou aqui de maneira hipócrita a criticar o retorno presencial, afinal, este precisa acontecer em algum momento, e seja ele qual for, as mesmas inseguranças, medos e questionamentos se farão presentes, mas estou a refletir acerca da saúde emocional que deveria estar tão em evidência nestas circunstâncias e não está.
Diferente de um período de férias do qual retornamos com histórias engraçadas e boas lembranças, trazemos em nós as feridas das perdas irreparáveis, de círculos que não se fecharam e de lutos não vividos. Não são poucos aqueles que tiveram de enfrentar sozinhos suas dores pois receber um abraço poderia custar a vida de outra pessoa amada. Que esta reflexão fique como um verdadeiro apelo aos nossos governantes para que elaborem dentre suas estratégias de retorno, também as que contemplem alunos e profissionais envolvidos na educação não apenas como números, mas como seres humanos que somos. Será o tão falado “novo normal”, mas os personagens continuam sendo pessoas…

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