Colunistas

Os assassinatos na creche de Saudades (SC) – Um alerta sobre inteligência emocional

Por Professora Luiza

O Brasil parou diante do crime cometido na cidade de Saudades, em Santa Catarina. Tanto a polícia quanto moradores e familiares das vítimas tentam entender “o que levou esse rapaz a tal atrocidade”. Talvez a resposta esteja na pouca (ou nenhuma) importância que damos ao que a psicologia denomina como inteligência emocional, que é a maneira como aprendemos a “lidar” com os sentimentos e emoções (nossos e do outro). Alguns jornais mencionaram que familiares do assassino o descreveram como alguém estranho, que não interagia e passava a maior parte do tempo em seu quarto com jogos virtuais. Usaram a palavra problemático. Mas se percebiam anormalidades no seu comportamento, por que então nenhuma ajuda foi procurada?
Podemos atribuir à família parcela de culpa pelo ocorrido? Discorrer acerca do que já passou não trará de volta a vida das crianças e funcionárias que tão brutalmente deixaram suas famílias num vazio imensurável. Contudo, são momentos como esse que precisam mobilizar uma maior reflexão dentre muitas famílias que simplesmente ignoram sinais de inconstância e desequilíbrio emocional dentro de casa. Acostumou-se com “um novo normal” no qual o isolamento social, a falta de responsabilidades, a importância excessiva a pequenos acontecimentos e a agressividade – tanto verbal quanto física – compõem o cotidiano. Somados a isso, temos (ainda) pais acreditando que presentes substituem afetos e que “liberdade” é sinal de amor. Paga-se as melhores escolas, mas não comparecem a uma reunião de pais…
Quantos inocentes ainda irão pagar o preço da negligência daqueles que resistem em aceitar que as crianças e jovens estão apelando por limites, por atenção e por correção? Estamos vendo ser moldada uma geração que não sabe ser contrariada, que não aceita regras nem perdas. Uma geração para a qual a vida dos avatares do jogo predileto tem maior importância do que a vida real. Não foi apenas um crime, ou mais um crime (a lembrar da escola de Suzano, da creche em Minas Gerais): foi um alerta para que as famílias entendam de uma vez por todas que é preciso ‘educar’ para as emoções e pedir ajuda a profissionais que possam orientá-los, afinal, se temos conhecimento de um problema e não tentamos resolvê-lo somos igualmente culpados em suas consequências.

Comments

comments