Moradores do Parque Jurupará protestam contra reintegração do Estado
Cerca de 300 famílias moradoras no Parque Estadual do Jurupará (PEJU) se mobilizaram para chamar atenção das autoridades. Eles realizaram uma manifestação hoje (15), em frente ao Fórum de Ibiúna, tendo em vista que havia uma audiência da Defensoria Pública contra o Governo do Estado de São Paulo, que está reintegrando ao patrimônio público as terras onde mais de 300 famílias construíram suas casas. Segundo os moradores, alguns deles moram no parque há mais de 50 anos e possuem escrituras com matrículas registradas no Cartório de Ibiúna. Indignados, muitos dos moradores estão sem casa fixa por conta da reintegração.
Segundo o morador Marcos Adelino, a história da habitação no parque começou em 1939; os moradores fizeram o levantamento das terras em 1973 e teve publicação no Diário Oficial para adquirirem os títulos. Desde então, eles pagam o Incra, ITR e cultivam aquela área com agricultura familiar, criam gado, fazem queijo, doces e outras atividades para sustento de seus familiares. Dona Horácia, 93 anos, é a moradora mais antiga do parque.
Já o morador Chileno, que reside no parque há mais de 20 anos, disse que a intenção é chamar atenção do juiz, “porque nós moradores não somos invasores. A defensoria pública entrou com o processo cuja audiência está acontecendo hoje (15)”, disse.
Outra moradora do PEJU, Liliane Santos de Jesus é agricultora, mora lá há mais de 20 anos. Ela disse que seu pai tem todas as documentações do terreno, e que o “Estado está tentando tomar o local há muito tempo, sem pagar nada. Até derrubaram a casa do meu vizinho que ficou sem lugar pra ficar, uma situação desesperadora”, lamentou. “Eu vivo de agricultura, plantando alface, mandioca, entre outras coisas. Não é justo o Estado querer tomar nossos lares e não oferecer nenhuma moradia em troca”, disse, emocionada.
Já o morador Raimundo de Jesus Costa chorou ao dizer que estão sendo expulsos do PEJU. Ele nasceu e foi criado no local. Em nome das 300 famílias que restaram no Parque (antigamente eram 600), pediu para que imprensa noticie o ato para que o governador paulista, João Dória (PSDB), tenha compaixão e sensibilidade para deixar as famílias que restaram, porque eles não têm para onde irem. “Fizemos abaixo assinados, recorremos a várias autoridades e fica esse empurra-empurra. Todos tem escritura, usucapião pronto, pagamos o Incra, ITR e nessa pandemia o que será de nós sem nenhum abrigo”, lamentou. “A Fazenda Meandro e outros milionários estão comprando tudo e querem nos expulsar”, desabafou, com olhos lagrimejados.
Outro morador, Wellington José Dantas, disse que seus pais compraram o terreno da família Brechós há mais de 100 anos. Tem a escritura registrada com matrícula, Incra, ITR e espera que a mobilização de hoje sensibilize as autoridades. “Queremos justiça, zelamos sempre pelo parque, não deixamos extrair palmitos, não deixamos ninguém invadir o parque. Só queremos justiça”, pediu Wellington.