Editorial

Economia em retração: cidade à beira do caos

O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado uma prévia do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou que o resultado de fevereiro apresentou retração de 0,73%, na comparação com janeiro deste ano. Mesmo com o novo Governo, que assumiu sob forte expectativa do mercado financeiro, no entanto, já há reflexos da crise. Com isso, semana após semana, as previsões de crescimento do país para este e o próximo ano estão em queda. A nível nacional, a economia capenga. No município, os reflexos são ainda mais desanimadores.
Como veículo de comunicação que sobrevive apenas com publicidade, a equipe comercial do jornal tem feito constantes contatos com os comerciantes do município. A reclamação é geral. Baixo movimento financeiro e cortes de despesas e investimentos. A crise é ainda maior quando acompanhamos a situação do poder público. No mês de abril, a Prefeitura de Ibiúna enfrenta uma crise incomum nessa época do ano. São reclamações de atraso do pagamento de condutores escolares, dos funcionários do hospital, dos condutores da saúde e de outros fornecedores. Até mesmo a folha de pagamento dos funcionários, pelo que relatam no Facebook, não tem sido realizada no dia estipulado.
O reajuste na Planta Genérica de Valores (PGV) do município, que impactou no valor do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), aparentemente, não resultou em aumento de receitas como os governantes locais esperavam; nesse primeiro quadrimestre, época em que o poder público municipal tem o maior montante das receitas, o cenário é preocupante. Mais desanimador é a expectativa para os próximos meses, já que, com a economia em situação caótica, a tendência é redução dos repasses federais. Sendo a Prefeitura um dos principais empregadores diretos e indiretos do município, os atrasos contribuem também para o baixo movimento do comércio e com a aparente retração econômica. Em 2018, diante da polêmica da aprovação da nova PGV, o VOZ, neste espaço, apontou que a medida poderia resultar em aumento da receita ou da inadimplência, que causaria uma situação ainda mais calamitosa. Pelo visto, a segunda possibilidade é aparente.
Com a dificuldade em honrar compromissos básicos, os investimentos passam longe da cidade. Timidamente, as estradas recebem manutenção. Na saúde, o Pronto Socorro Infantil continua com as portas fechadas e as crianças sendo atendidas no mesmo local que os adultos – um retrocesso na saúde do município. Condutores escolares chegaram a parar. Voltaram com receio de perder a “linha”, como disse uma condutora ao jornal. O VOZ ainda recebeu reclamações dos funcionários da empresa terceirizada do hospital. Alegam estar dois meses sem receber salários completos. O que mais preocupa, como mencionado, é que estamos apenas em abril. O meio do ano – que compreende de maio a outubro, para todo município brasileiro, é o período que as receitas caem ainda mais.
Diante do cenário, o que se vislumbra para os próximos meses se resume em uma palavra: caos. Esperamos estar equivocados.
Uma boa leitura e até a próxima edição.

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