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22/3 – Dia Mundial da Água: 2 bilhões de pessoas não tem acesso a água potável


Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. Desde então, os países membros precisam trabalhar para que as pessoas tenham acesso a estes direitos até 2030. A meta, no entanto, parece distante.
Em relatório divulgado na última segunda-feira (18), a ONU aponta que mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e mais de quatro bilhões não tem acesso à esgoto sanitário. Além disso, a demanda por água seguirá crescendo e pode afetar a produção de alimentos.
“Os números falam por si. Como mostra o relatório, se a degradação do ambiente natural e a pressão insustentável sobre os recursos hídricos globais continuarem em ritmo atual, 45% do Produto Interno Bruto global e 40% da produção global de grãos estarão em risco até 2050. Populações pobres e marginalizadas serão afetadas de forma desproporcional, agravando ainda mais as desigualdades”, disse Gilbert F. Houngbo, Presidente da ONU-Água e Presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
A agricultura (incluindo irrigação, pecuária e aquicultura) é a maior consumidora de água globalmente, respondendo por 69% da retirada anual de água em todo o mundo. A indústria (incluindo a geração de energia) responde por 19% e as residências particulares por 12%.
Estimativas recentes mostram que 31 países experimentam estresse hídrico entre 25% e 70%. Outros 22 países estão acima do nível de 70% e, por isso, encontram-se em uma situação grave de estresse hídrico. Ou seja, estão fazendo uso substancial de recursos hídricos, com maiores impactos sobre a sustentabilidade desses recursos e um crescente potencial de conflito entre os seus usuários.
Risco na produção de grãos
A agricultura é a maior consumidora de recursos hídricos e a escassez de água afeta diretamente a produção de grãos. Segundo o relatório, os principais efeitos das alterações climáticas nas áreas rurais serão sentidos através de impactos no abastecimento de água, segurança alimentar e rendimentos agrícolas.
Em algumas regiões, é provável que ocorram mudanças na produção agrícola, não apenas como resultado de mudanças de temperatura e precipitação, mas também através de mudanças na disponibilidade de água para irrigação.
Segundo a ONU, as mudanças climáticas terão um impacto desproporcional no bem-estar dos pobres nas áreas rurais.
Pesquisas de diferentes partes do mundo mostram que a irrigação suplementar em sistemas agrícolas pode não só garantir a sobrevivência das culturas, mas também duplicar ou mesmo triplicar a produção de chuvas por hectare para culturas como trigo, sorgo e milho.
Mais ricos pagam menos
Além da diferença entre os países mais ricos e pobres, nas áreas urbanas, os desfavorecidos alojados em acomodações improvisadas sem água corrente muitas vezes pagam de 10 a 20 vezes mais do que seus vizinhos em bairros mais ricos por água de qualidade semelhante ou menor comprada de vendedores de água ou caminhões-pipa.
Segundo o relatório, a melhoria dos serviços de saneamento e água, especialmente para grupos vulneráveis, teria um custo-benefício capaz de mudar o status social e a dignidade percebidos por esses grupos.
Estudos existentes indicam que os custos de saúde são mais onerosos para as famílias mais pobres do que os mais ricos, de tal forma que a poupança nas despesas relacionadas com a saúde teria um efeito multiplicador de benefícios (educação, produtividade no trabalho, etc).

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