Candidato de Grego
Claudino Piletti
“Vote bem!”, disse o filósofo grego ao eleitor brasileiro.
– Em quem devo votar para ter certeza de votar bem? indagou o eleitor?
– Em Ulisses – respondeu o filósofo.
– Não há nenhum candidato com esse nome. O que havia morreu há muito tempo – disse-lhe o eleitor.
– Bem se vê que não sabe grego – retrucou o filósofo.
– Como a maioria dos eleitores brasileiros, nem português sei direito. Como saberia grego?
– É uma pena… Se soubesse, saberia que o significado de “Ulisses”, em grego “Oudeis”, é “Ninguém”.
– Quer dizer, então, que para ter certeza de votar bem devo votar em “Ninguém”?
– É isso mesmo! Se não quiser correr risco de escolher “presente de grego”, vote em candidato de grego, isto é, em “Ninguém”.
– Caro filósofo, seguirei seu conselho, pois, cansei de eleger “presente de grego”.
A expressão “presente de grego” surgiu da famosa história do Cavalo de Tróia. Trata-se de um enorme cavalo oco no qual gregos introduziram seus melhores guerreiros e o deixaram como “presente” às portas de Tróia. Os troianos, felizes com o “presente”, o conduziram para dentro da cidade. À noite, os gregos saíram do cavalo e, sem dó e nem piedade, incendiaram a cidade, destruindo-a. Qualquer semelhança com o que candidatos que elegemos fizeram com nosso país, não é mera coincidência.