2015: o ano que não começou!
Claudino Piletti
Incrível… 2015 nem começou e já está terminando. É claro que, como disse o poeta latino Virgílio (70-19 a.C.), “o tempo foge irreparavelmente”. O mais grave, porém, como observou o poeta italiano Dante (1265-1321), é que “o tempo passa, sem que o sinta a gente”.Só os que conquistam alguma coisa é que sentem o tempo passar. A propósito, segundo a escritora gaúcha Lya Luft, “ a passagem do tempo deve ser uma conquista e não uma perda”. Em 2015, porém, quase nada conquistamos. Por isso, pode-se dizer que perdemos o ano e teremos de repeti-lo.Em 2015, para nós, o tempo parou à espera da realização das promessas de campanha da nossa presidente democraticamente eleita, Dilma. Parou à espera que nossos políticos começassem a fazer algo pelo bem do país, ao invés de só pensarem e agirem em função do seu próprio bem. Parou à espera de que a corrupção galopante cessasse. Parou à espera dos que detêm o poder político e econômico criassem vergonha. Parou, enfim, à espera do resultado do impeachment da presidente. Tempo é dimensão de mudança, crescimento e desenvolvimento. Sem isso, não há e não haverá a percepção do tempo. E se, ao invés de mudança, crescimento e desenvolvimento, houver estagnação, retração e encolhimento, teremos a percepção de uma regressão.Em 2015, ao invés de avançar, regredimos em quase todos os setores: na economia, política, educação, saúde, transporte, segurança e, sobretudo, na moral. Só avançamos no setor jurídico, principalmente graças a operação Lava-jato. O avanço dessa operação é diretamente proporcional ao avanço da deterioração de nossas instituições políticas.Mas, como diz um conhecido provérbio, “é preciso dar tempo ao tempo”. Podemos dar, então, o ano de 2015 ao tempo. Só espero que não tenhamos que dar, também, os anos de 2017,2018, e assim por diante, até completar uma década perdida. Esperando que isso não ocorra, desejo a todos um feliz ano velho de 2015.