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1968 – Memórias da Juventude

“Ultimamente, passaram-se muitos anos” já dizia o brasileiro Otto Lara Resende. Escrever sobre 1968 torna especial tal expressão. Há 45 anos, momentos de intensa movimentação juvenil a favor da liberdade de expressão e democracia política marcaram o mundo. No Brasil, por exemplo, em plena ditadura militar, a juventude se unia para protestar contra os abusos e injustiças praticadas por uma política tirana e repressora.
É fundamental entender fatos históricos como a passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna e a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) que mostrou maior represália e violência aos movimentos dos estudantes. No entanto, o objetivo deste texto é refletir sobre a essência destes eventos, ou seja, o contraditório sentimento de coletivismo e individualismo.
Ao mesmo tempo em que as injustiças e as opressões políticas e sociais colaboravam para o desenvolvimento do espírito de união de muitos jovens e trabalhadores, o ideal que defendiam era a liberdade individual. Enquanto havia uma causa comum e significativa na vida de todos àqueles que se sentiam prejudicados pelo autoritarismo, o trabalho em conjunto fazia sentido e por isso muitos estudiosos consideram tal época como um momento da “revolta comunitária”. Por outro lado, as exigências do movimento visavam garantir a liberdade individual e por isso foi considerado por alguns como um momento de “reivindicação de um novo individualismo”.
Hoje, ao analisar o presente e pensar no passado, é preciso maior ponderação aos eventos ocorridos e suas consequências. Por exemplo, a ditadura política foi extinta, no entanto, a violência social permanece. Os jovens, antes reféns da censura, hoje são prisioneiros da criminalidade. Talvez o individualismo tenha vigorado com maior intensidade. Por isso, cabe a frase de Hannah Arendt para finalizar: “O revolucionário mais radical se torna um conservador no dia seguinte à revolução.”

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