Votorantim Cimentos pretende extrair areia e argila de mananciais ibiunenses

Viviane Oliveira

A extração mensal de 30.000 toneladas de areia e 10.000 de argila é a nova atividade que está em estudos pelo Grupo Votorantim Cimentos em mananciais ibiunenses; para o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Itupararanga (APA), no entanto, a iniciativa ameaça a Represa de Itupararanga. A Votorantim pretende implantar o projeto na várzea dos Rios Sorocabuçu e Sorocamirim, localizados na área ao lado da Marginal em Ibiúna. Tendo este assunto como sua pauta principal, o Conselho Gestor da APA se reuniu na sede da ONG com a equipe da Votorantim para a apresentação do Plano Piloto do Projeto Ibiúna, que, segundo a empresa, consistirá em uma unidade experimental para lavra e beneficiamento de areia e argila. Posteriormente, a partir de resultados técnicos, econômicos e ambientais que forem consolidados, o projeto será ampliado.De acordo com os levantamentos realizados pela consultoria ambiental contratada pela empresa, existe no local uma camada de aproximadamente 14 metros de areia, estimada em mais de 2 milhões de toneladas. A exploração destes minerais visa atender ao mercado da construção civil e a produção de argamassa e outros materiais. O polígono (área a ser explorada) possui 20 ha, e a extração se dará em cinco cavas com 40.000 m² cada (equivalente a área de 4 campos de futebol), partindo das proximidades da Rodovia Quintino de Lima, que liga Ibiúna a São Roque, e distribuindo-se pela várzea, próxima à “cabeceira” da Represa. Na área, existem 140 espécies de aves, sendo 3 ameaçadas de extinção, além de 16 espécies de mamíferos e 11 de peixes.Apesar de já ter recebido parecer desfavorável dos órgãos gestores como o CBH-SMT – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê – e do Conselho da APA em 2012, a empresa retomou o projeto após ter recebido novamente a certidão de uso do solo pela atual gestão municipal. Esta certidão é o documento inicial e necessário para que qualquer empreendimento dê entrada ao processo de licenciamento ambiental de seu empreendimento.Os conselheiros da APA apontaram impactos como o assoreamento da represa, contaminação das águas pelo derramamento de óleo dos equipamentos e caminhões utilizados nas atividades e a supressão da vegetação do local. A várzea possui uma função ecológica fundamental para manter a qualidade das águas da represa, servindo como um filtro e impedindo que o esgoto de Ibiúna e de municípios vizinhos trazidos pelos rios cheguem ao reservatório.Cabe ao Conselho emitir uma manifestação técnica sobre o projeto e este parecer integrará o processo de licenciamento ambiental na CETESB.

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Postado em 3, setembro, 2015