Cultura do poder ou poder da cultura?

Cultura é um tema que permeia diversas áreas da vida humana. Está presente na mídia, nos discursos políticos, nas atividades educacionais, no ambiente empresarial e nos mais variados espaços de articulação e vivências sociais. Mas, o que é e para que serve a cultura?
De origem no latim “colere”, cultura significa cultivar, ou seja, está ligado às atividades agrícolas que, transportada à esfera humana, de forma figurada, o conceito vai significar “cultura do espírito”, referindo-se a formação intelectual e estética do homem por meio da filosofia, da ciência, da ética e da arte. Assim, a cultura pode ser entendida como qualquer produção ou manifestação objetiva ou subjetiva de um indivíduo ou grupo de pessoas. Por isso, a cultura engloba aspectos morais, intelectuais, estéticos e comportamentais. Desta forma, pode-se dizer que toda organização ou instituição, seja ela governamental, privada ou civil se dedica as questões políticas e culturais.
De acordo com o professor e escritor Martin Cezar Feijó é impossível desvincular a cultura da política e vice-versa, já que a política sempre se ocupou da cultura para fortalecer governos e ideologias e as produções culturais, quando organizadas e conscientes, provocaram ou contribuíram para transformações sociais. Há exemplos históricos de governantes que financiavam e investiam na cultura para justificar e engradecer seu poder. Um exemplo clássico foi o imperador romano Otávio Augusto que teve um ministro responsável por patrocinar obras que vangloriasse sua figura. O nome desse ministro era Caio Mecenas e, é daí a origem do termo mecenato utilizado em diferentes períodos históricos para designar o patrocínio econômico e político de obras artísticas e produções culturais com o intuito de aumentar o prestígio e reconhecimento social de determinada pessoa ou instituição, ou seja, a cultura do poder.
As revoluções advindas da industrialização e do nascimento da classe operária repercutiram em transformações culturais e políticas no mundo todo. A ideia de que toda manifestação cultural também é política e que podem e devem levar os indivíduos ao estado da reflexão e da crítica marcaram eventos como a Semana da Arte Moderna no Brasil de 1922. Neste sentido, a politização e a democratização da cultura passaram a ser discutidas não só em termos políticos como também na sua função de transformadora social.
Ainda hoje, as questões culturais são desafiadoras, principalmente em relação ao diálogo da cultura popular com a cultura erudita e da valorização da diversidade cultural. Fica a pergunta: o poder da cultura pode ser incentivado pela cultura de um poder que incentive a pluralidade e que faça da alteridade a marca da identidade de uma sociedade culturalmente democrática?

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Postado em 14, fevereiro, 2013