Com a pulga atrás da orelha

O Brasil vive um momento de incerteza política. Após o impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), o atual mandatário nacional, Michel Temer (PMDB), está na corda bamba. Tudo isso se desencadeou, principalmente, por conta de episódios lamentáveis de corrupção que assolam o nosso país. Delações que foram confirmadas com um vídeo de um homem público, ex-assessor direto do presidente, correndo com uma mala de dinheiro da corrupção em suas mãos foi o ápice da crise. O ex-deputado em questão, Rodrigo Rocha Loures (PMDB), preso pela Polícia Federal, foi quem o presidente Michel Temer disse que o empresário Joesley Batista poderia conversar sobre “tudo”.

Não bastasse os fatos lamentáveis do cenário político nacional, em Ibiúna, há alguns anos, e também agora, neste início de nova administração, fatos curiosos nos deixam com a “pulga atrás da orelha”. Uma empresa de Botucatu, distante há mais de 200 km daqui, de transporte de cargas a princípio, assumiu o transporte coletivo de Ibiúna, em contrato emergencial (sem licitação), disponibilizou os ônibus para realizar os serviços – sem nunca ter realizado esse tipo de trabalho antes – e, em menos de três meses de operação, trocam de sócios, quintuplica seu capital social e, aparentemente, se prepara para participar de uma concorrência pública que, curiosamente, em todo este tempo, ainda não aconteceu.

Enquanto isso, a ex-sócia da empresa, no início do mês passado, em telefonema gravado, disse não conhecer Ibiúna. A “empresária” que, se quer, assinou contrato com a Prefeitura de Ibiúna – o documento foi carimbado por um procurador – reclamou, durante a conversa, de dívidas que a L.C.P. Transportadora estaria deixando em seu nome. Estranha ainda o fato de que a empresa em questão, com capital social de R$ 100 mil na época, com processos trabalhistas e cheques sem fundos sendo cobrado judicialmente, conseguiu em pouco tempo ampliar seu capital para disponibilizar toda a frota de ônibus que a cidade necessitava, que chegaram a cidade no dia 27 de janeiro – antes da rescisão com a antiga empresa, a Raposo Tavares, que aconteceu no dia 02 de fevereiro. Ou seja, sabiam que iriam assumir os serviços e, certamente, a algum tempo já haviam se preparado para isso. Curiosamente, a detentora de 95% da empresa até então, Jorgina Gomes Pereira da Silva disse que não sabia de nada disso.

Para deixar a pulga ainda mais alvoroçada na orelha, a divulgação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo dos valores empenhados, liquidados e pagos do mês de abril, cuja cifra foi de quase meio milhão de reais à L.C.P., o aumento significativo em relação à média mensal de 2016, que já fora bem maior que a de 2015, deixa a obscura contratação com impressão de que pode ter trazido prejuízo ao erário municipal. Feita uma avaliação, de fevereiro a março, somente do valor despendido a passagem dos funcionários – boa parte com recursos da educação –, a Prefeitura comprou (no valor de R$ 3,60) mais de 123 mil passagens para funcionários da municipalidade nos dois meses, o que corresponde a 3.400 passagens por dia letivo.

Ainda para deixar a orelha inchada, quando o jornal questionou a Prefeitura para saber o valor gasto, a resposta foi: “esta solicitação deve ser feita via protocolo”. Não esperavam, talvez, que o Tribunal de Contas publicasse parte das informações solicitadas.

Uma boa leitura a todos e até a próxima edição.

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Postado em 8, junho, 2017