2018: o ano que não chega!

Claudino Piletti

O escritor e jornalista Zuenir Ventura escreveu um livro intitulado “1968: O ano que não terminou”, no qual fez a reconstituição de um dos anos mais contraditórios e fascinantes da história. O ano de 1968 foi palco de revoluções culturais, políticas e sociais em todo o mundo, que se prolongam até nossos dias. Daí o título do livro.

Hoje, no Brasil, em meio a uma crise política, social e econômica que parece não ter fim, sonhamos com o ano 2018, que custa chegar. À semelhança de navegantes que, em meio a um mar revolto, sonham com um porto seguro, sonhamos com as próximas eleições para eleger gente honesta.

Desde a conturbada eleição de 2014, não tivemos, em nosso país, bonança. Só lambança. Mesmo a citada eleição foi, como se provou depois, uma grande lambança. E, o que se seguiu, não foi diferente. O que veio foi uma enxurrada de acusações, delações, operações da justiça e da polícia federal, enfim, um mar de lama que culminou com o desgastante impeachment da presidente da república.

Mas, quando tudo parecia se encaminhar para 2018 sem maiores sobressaltos, eis que surgiu a delação dos irmãos Batista, da JBS, que colocou o presidente Temer na berlinda. No dia seguinte à delação, a Bolsa de Valores despencou, o dólar subiu, o Congresso parou e manifestantes saíram às ruas pedindo a renuncia do presidente e eleições diretas. E, além disso, treze pedidos de impeachment contra Temer foram encaminhados à Câmara dos Deputados.

Em meio a quase uma crise por dia, Temer avisou: “Não renuncio; se quiserem, me derrubem.” E prometeu que nem o país nem o Congresso iriam parar. “Continuamos avançando e votando matérias importantíssimas”, afirmou ele em vídeo veiculado em redes sociais.

Assim, no momento, não sabemos se o presidente sai ou fica e, se sair, como fica. Em meio a esta incerteza política, resta-nos a certeza de que a economia retrocederá ainda mais e, também, a de que a principal causa de tudo isso é a total falta de ética da maioria de nossos atuais políticos.

Por isso, é urgente que, para 2018, surjam novos quadros em nossa combalida política, pois, com os que aí estão, só teremos mais do mesmo. E, então, passaremos a sonhar com 2022? Ou, seguindo o exemplo dos irmãos Batista, mudaremos de país? Isso, no entanto, não é para quem quer, mas para quem pode.

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Postado em 8, junho, 2017